" PÂNICO DAS SEIS "

         Seis horas, avenida movimentada, carros em todas as direções, de todos os modelos. Corações palpitando, olhares atentos a cada freada nos sinais vermelhos, em cada quadra, vidros escancarados, temperatura de arrebentar os poros suados... Ar condicionado? Imagina! Nesta época, era um Fiat 147, com quinze aniversários, sem riscos, mas 15 anos.
        O braço encostou-se ao corpo da motorista roçando com força.
        – Me dar dinheiro se não corto a cara. O coração disparou no ritmo de Fórmula UM, o sangue não sabia que rumo tomar, procurando veias, artérias, tudo quanto é canal. As pernas bambearam, tremiam como nordestinos quando chegam ao sul com uma temperatura de seis graus, acostumados no Nordeste com 34 graus centígrados.
Respira fundo pra acalmar, se vale de Nossa Senhora da Conceição, ela nunca abandona quem lhe pede proteção. O pensamento obedeceu a mensagem. A voz enfim saiu:
        -Dinheiro colegas, o moço quer dinheiro. Eram quatro pessoas.
        -"Quero todas bolsa, rápido num cunversa e num olha pu sinal"
        - As bolsas colegas, o moço quer todas as bolsas. Sem conversas, vamos, rápido.    
        Olhando de soslaio, percebi dois meliantes do lado esquerdo, transmitindo
segurança ao comparsa e olhar ameaçador aos moldes das garras do leão ao atacar sua presa. Olhares voltavam-se angustiados, comovidos, porém impossibilitados de uma reação. È minha vida ou a delas. É o dilema da impotência diante da arma do desconhecido.
         E o sinal? Abre sinal... Abre sinal... Abre-se o sinal, acelero rápido... E uma bala? Se matar alguém? Furar um pneu? Nossa Senhora vai ajudar? Num instinto de
sobrevivência, o pé acelerou e saí numa velocidade! O corpo se encolheu todo esperando a bala...
        - A voz gritou alto: Ainda te pegooooooooo!


Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 29/10/2006
Reeditado em 03/03/2007
Código do texto: T276549
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