Sua mãe, com muito esforço, comprou então o tecido, um corte de organdi, branco, para confeccionar o vestido. Ela mesma o faria, pois era quem costurava as poucas roupas de todos os filhos.

Tinha uma máquina bem antiga, Singer, daquelas tocada á mão, que era colocada em cima da mesa e ali, com a mão direita era tocada uma manivela, a qual fazia trabalhar a agulha e, assim costurava-se a peça de roupa...

Fez-lhe um vestido todo cheio de babados, nos quais foi mandado passar ponto “ajour” para que ficassem mais delicados e, também foi colocada uma faixa, de uns seis a oito cm de largura, toda trabalhada com nervuras na vertical, com espaço entre elas de 1 cm mais ou menos, a qual ficava na horizontal, no meio da saia do vestido, entre os babadinhos.

Este detalhe aparecia também no corpo do vestido, na altura do peito, abaixo do decote.

Sua mãe trabalhou com muito carinho na execução deste modelo. Não era nenhuma especialista em moda, mas o vestido ficara lindo! Tanto que a dona do mesmo não se cansava de admirá-lo, e ficara muito contente, pois nunca tivera um vestido como aquele... Era muito magrinha iria lhe cair muito bem! Ainda mais, com aquela faixa na cintura, arrematada também com o ponto ajour, que fazia um belo laçarote na parte trazeira.

O pai lhe comprara sapatos novos! Que maravilha! Ela estava deveras feliz.

Chegado o dia da entrega do certificado, arrumou-se toda, lavou os cabelos com “shampoo halo”, o qual deu vida e beleza aos mesmos, pois eles eram de uma cor cinza, de fazer inveja, tanto que uma de suas primas dizia que nunca teria visto ninguém com esta cor de cabelo...

Na hora marcada, estava lá, juntamente com os demais colegas.  Iriam receber o tão sonhado certificado.

E, em sua cabecinha de menina pobre, o pensamento que não lhe saía da mente era o de não poder continuar a estudar, pois dali para frente, estudar, só na cidade vizinha e, ela tinha certeza, os pais não teriam condições financeiras para mandá-la estudar em outra cidade...

continua