Você faz a sua parte?

Carlos lanchava no parque depois do trabalho quando um pivete roubou sua carteira e sumiu no meio da multidão. Ficou aflito não tinha pagado e o dono da barraca estava com dengue e o filho veio no lugar, um jovem arrogante que não parecia com o pai.

-Posso pagar amanhã quando vier trabalhar?

-Não, quem me garante que não foi uma artimanha?

-Isso é um absurdo

A discussão durou bastante, Carlos tentava convencer o jovem, mas sem sucesso. Um homem todo sujo de tinta que prestava atenção se aproximou e tentou resolver o dilema

-Eu pago

-Não posso aceitar

-Tem alternativa?

Carlos aceitou e prometeu que no dia seguinte iria procurá-lo e pagar o que devia.

-Não quero que me pague

-Não é justo, percebo que não tem muitos recursos...

-Quero que ajude outro em necessidade, assim estará me pagando.

-Como vai saber que lhe paguei?

-Confio no senhor

Carlos foi embora pensando como no mundo há pessoas estranhas.

Dias depois estava lanchando no mesmo lugar e o pivete roubou uma senhora e a derrubou no chão.

-Tem que haver policiais nesse parque, comentou com o jovem da barraca.

O jovem estava olhando a TV e nem se deu o trabalho de responder. Carlos foi embora e nem olhou para a senhora. A noite ligou para a namorada convidando para jantar.

-Não posso meu amor, minha avó está muito nervosa.

-A que veio do interior?

-Sim, foi assaltada no parque essa tarde, titia a deixou por um minuto, o pivete ainda a derrubou no chão, o pior é que todo o dinheiro estava na bolsa.

-Como elas voltaram para casa?

-Um bom homem deu dinheiro a elas, parece que era tudo que ele tinha.

-Como era esse homem?

-Disseram que estava sujo de tinta, deve trabalhar numa daquelas construções intermináveis, o mais estranho é que não quer o dinheiro de volta disse que ajudasse alguém em necessidade que estava pagando a ele.

Carlos desligou o telefone decidido a encontrar o homem. No dia seguinte ele procurou o homem sem sucesso eram muitos homens sujos de tinta que deixavam o trabalho nesse horário. Parou um deles e deu a descrição do homem.

-É o Pedro, não veio trabalhar hoje o filho esta doente.

-Sabe onde ele mora?

-Não, ele te deve?

-Não eu é que devo a ele, contou a história.

-Não vai querer receber, o pagamento dele é que se faça o bem para outro.

-Ele precisa de dinheiro...

-Muito, o filho dele tem uma doença rara, ele trabalha de dia aqui e de noite como vigia.

-Então...

-Diz ele que está fazendo a parte dele, faça a sua ajude alguém em necessidade. ELe contagiou todos que trabalham com ele, nosso local de trabalho melhorou muito depois dele.

-Mas ele precisa de dinheiro.

-Ele disse que já tem tudo o que precisa: Força para trabalhar, uma esposa amorosa, pais colaboradores, filhos obedientes e amigos verdadeiros.

Carlos voltou para casa ligou para namorada e contou tudo o que aconteceu.

-Querido isso nos ensina que precisamos fazer mudanças na nossa vida.

-Pensei a mesma coisa, mas quero ajudar esse homem

-Vou ajudá-lo nisso.

Daquele dia em diante Carlos ficou mais atento a necessidade dos outros, queria fazer a sua parte.

E você está fazendo a sua?

Marya Ferreira
Enviado por Marya Ferreira em 29/01/2011
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