Jânio
Jânio aprendeu a conviver com o ódio.
Não abria mão dos seus pensamentos.
Justificava cada ação na competitividade.
Se sentia constantemente ameaçado.
Preferia não ter amigos.
Se alegrava com a indiferença.
Vivia planejando a ansiedade de estar sempre a frente de algo ou alguém.
Jânio tinha seu próprio deus: O poder.
E se justificava com a sua verdade.
Um dia, caminhava com pressa numa rua do seu bairro, até que um andarilho sujo e barbudo surgiu a sua frente e lhe estendeu a mão. Jânio olhou com desprezo e desenhou um palavrão, desviou o corpo e tentou continuar a caminhada. O mendigo insistiu até que Jânio o empurrou. O homem caiu ao chão. Os que passavam pararam diante da cena. Diante dos olhares, Jânio parou diante do homem caído. Foi neste momento que viu o sangue. Não sabia o que fazer. Se sentiu envergonhado. Neste momento, um menino abriu caminho entre as pessoas. Foi até o velho. Abraçou-o com carinho. Ajudou-o a se levantar. Abraçou sua perna e se foi. O olhar de Jânio acompanhou as duas figuras até sumirem numa esquina próxima.
Levantou e também seguiu sua vida, porém jamais esqueceu aquela cena.
Há um Jânio em cada um de nós.
Cabe avaliar se vale a pena!?
Pode ser hoje?