A noite errada, a noite certa.

Ela pediu mais uma dose. Era a décima da noite, mas sua vista ainda não estava tão turva quanto ela gostaria, nem sua cabeça girando tanto quanto deveria.

"Ela estava dançando com as outras quatro belas moças que a acompanhavam naquela noite. O alto astral emanava do movimento de seu corpo atlético, de seus belos cabelos ondulados, do balanço de seus quadris totalmente proporcionais a todo o resto, igualmente perfeito"

Ela virou a dose de uma só vez garganta abaixo. Nem sentia mais o calor da tequila descendo, nem do alcool subindo. Encaixou os dedos entre os cabelos curtos, lisos, em desordem. Tudo começou a rodar, finalmente.

"As amigas riam entre segredinhos, comentando sobre o "fulano" que estava ficando com a "Sicrana" ali em um canto qualquer, ela continuava dançando, sem se importar com nada, deixando apenas as luzes e sons embalarem seu ritmo."

O caminho ao banheiro parecia tão longo de repente, e tudo ia voltando muito rápido, a traição, o carro batido no poste, a "deprê", o trabalho por fazer, a falta, a solidão, o bar, a boate, aquela noite, as dez doses.

"A cerveja começou a fazer efeito, ela virou-se apenas para as amigas, que estavam azarando os "gatinhos", e falou meio que gritando, devido ao som muito alto "banheiro!" e como em todo grupo feminino, todas a seguiram."

E por uma incrível coincidencia do destino, a tristeza e a alegria ali se encontraram, na porta do banheiro de uma boate qualquer, e sem precisar de palavras, seus olhos se compreenderam, pediram um reencontro, viram um no outro a necessidade de um momento a sós.

(No final da noite, as amigas comentavam, no quarto de uma delas, quem seria aquela "fulana" com quem a "Sicrana" entrou no carro, no final da balada, abandonando-as, enquanto em algum outro ponto da cidade, muito mais aconchegante e tranquilo, uma mágoa começava a cicatrizar, e a tristeza e a alegria, juntas, começavam a construir o amor.)

Saah Tavares
Enviado por Saah Tavares em 27/01/2011
Código do texto: T2754735
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