EM BOCA FECHADA NÃO ENTRA MOSCA
Certo dia Maria dirigiu-se ao hospital onde trabalhava sua melhor amiga, a Neuzinha. Logo ao chegar dirigiu-se à recepção e cumprimentou a amiga, com um sorriso e com aquele “oi, tudo bem contigo?” costumeiro. Em seguida iniciou um daqueles diálogos do tipo “sabe qual é a última do momento?”
Maria soube de um episódio envolvendo uma menininha de uns onze anos de idade, que, na verdade, era também sua amiguinha.
Maria começou a falar e se empolgou um pouco relatando os fatos, que a guria havia bebido, sozinha, quase meia garrafa de pinga, não se sabe o porquê e que tivera que ser internada neste mesmo hospital, se a amiga já tinha conhecimento do ocorrido. Empolgada Maria contava, gesticulava, fazia algumas suposições. Não falava alto e nem cochichava. O engraçado é que enquanto ela falava a pobre da Neuza ouvia com um sorriso amarelo, meio sem jeito e tentava fazer com que Maria interrompesse a história, mas ela estava tão interessada em falar que não percebia, ou ignorava os sinais da amiga.
Quando ocorreu de Maria entender o que se passava já era tarde demais, pois a mãe da criança estava sentada bem em frente á recepção e ouvira tudo o que foi dito. A mulher que estivera todo esse tempo olhando para as duas, levantou-se, aproximou-se de Maria, cumprimentou-a, perguntou-lhe coisas banais, porém não tocou no nome de sua filha. Maria, no entanto, estava roxa de vergonha, não sabia onde enfiar a cara e mal conseguia encarar a mulher, que lhe tinha um grande apreço e a havia ajudado no passado.
Depois desse dia Maria começou a pensar bem antes de falar, parou de repassar boatos desnecessários e decidiu que só falaria dos outros se fosse para elogiar ou para enfatizar alguma qualidade da pessoa em questão. Ela não queria passar por aquela vergonha nunca mais.