Fazendo amor - by-Caio Lucas

Do meu próximo livro:

Partes da minha vida

(inédito)

Parte XXIII

Fazendo amor

by-Caio Lucas

Ela continuou estirada nua sobre o lençol manchado de todos os nossos atos, ainda meio dormente, meio fogo, meio neve, o pós-gozo invadiu sua alma esvaziando seu corpo do dia a dia sem prazer.

Seus olhos continuavam fechados, seu rosto mostrava que ainda viajava sobre altas montanhas, outros tantos céus, nenhum morto, nada nasceu ou foi assassinado naquela hora, até o sol brilhou dentro do quarto ofuscando cada centímetro de luz que ejaculou sobre seu rosto maquiado de mulher.

A porta abriu devagar, uma mão passa suave a parede procurando o interruptor de luz, uma lâmpada fraca acende no teto, o ar estava parado, senti um leve perfume de rosas, eu e ela caminhávamos de mãos dadas até a beira da cama, cada um deu a volta depois de um breve beijo, os olhos continuaram fixos noutros, até que todas as roupas fossem atiradas ao chão.

Deitada sob o lençol que agasalhava sua nudez, aproximei devagar e logo os lábios se encostaram, lentamente ela fecha os olhos esperando receber o meu gosto, o sabor que nos ansiava há dias, tentei fazer não ser uma troca justa, e provoquei com a língua bem ao redor dos lábios.

As mãos ansiosas retiram o lençol deixando descoberto todo seu corpo, um sem jeito lhe ataca e os olhos correm o teto como se disfarçasse sua pouca timidez, senti nossas respirações mudarem, o ritmo do corpo, o coração batendo forte em um quase descompasso, fui devagar me ajeitando sobre ela, o calor era distribuído por igual entre as peles, aparecendo apenas à euforia de dois amantes a beira de uma doce loucura.

As palavras eram ditas em tom quase sufocante, sem olhar seu sexo, acomodei-me entre suas pernas, apenas o sentia encostado ao meu, um pouco úmido, o dela, um pouco latejante, o meu.

Beijos iam descendo devagar por seu corpo, minha boca deslizava lenta e gulosa, passei seu colo, me atrevi ao redor dos seus seios e mordisquei um mamilo, depois outro, a língua riscava uma linha reta parecendo estar sem direção, mas na verdade queria eu fazê-la se surpreender a cada toque molhado de saliva quente.

O pecado era desejado, nem ao menos sabemos se é pecado, um doce pecado, agridoce, suave, perfumado de todos os líquidos e extratos que fluem de corpos loucos por se entregarem ao prazer mais puro, mais intenso, assim pedia meu sangue que corria forte as artérias fazendo um latejar inconstante em meu membro rijo e louco de todos os desejos.

Seus olhos permaneciam fechados, seu corpo articulava gestos loucos à procura do meu, alguns segundos se passaram, não sei, minutos talvez, procurava enlouquecê-la, mas na verdade estava eu preparando para invadi-la, queria ser implacável, mas ao mesmo tempo inesquecível, forte e suave, másculo e atencioso, na verdade nem eu sabia, estava cego de desejo, as palavras voavam das bocas, algumas inaudíveis, outras de carinho. Provocações e corpos rolavam sobre outro até que a penetro, sinto-a quente, louca e úmida de todos os tesões que nos fizemos sentir e guardamos para este instante de tudo, amor, prazer e êxtases.

Alguns cheiros exalam e espalham pelo quarto um típico perfume de sexo, as bocas se encontram outras tantas vezes com beijos alucinados, as luzes se acendem dentro dos olhos, meu e dela, reflexos de gozos aparecem à flor da pele, o suor, o calor infernal, um doce inferno, mantenho uma certa velocidade de ataque, enquanto ela abraça minhas costas cruzando as mãos e pernas amarrando meu corpo, preso e deliciosamente aconchegado ao seu sexo.

Trancado dentro do seu corpo, aquecido pelos longos movimentos dos membros, sinto que não dá mais para segurar, a respiração começa a faltar, não consigo dizer mais nenhuma palavra, os nervos parecem esticar metros, uma breve sensação de frio e calor invade meu corpo, meu coração parece pular fora do peito, um gemido ou grito, não sei ao certo, um esquisito delicioso líquido explode de dentro do meu corpo para seu corpo aquecendo-a, completando seu espaço com jatos fortes provocando múltiplas sensações de gozo.

Os corpos permanecem inertes, olhos fixos noutros, o calor devagar dá lugar ao frescor de um prazer inenarrável, palavras não são necessárias nesta hora, apenas o tempo diz, o tempo ouve, o tempo consome seu próprio espaço. E as luzes cessam dentro dos olhos, a respiração volta a uma quase normalidade, membros relaxam e devagar sou expulso de dentro do seu corpo.

Ela continuou estirada nua sobre o lençol manchado de todos os nossos atos, ainda meio dormente, meio fogo, meio neve, o pós-gozo invadiu sua alma esvaziando seu corpo do dia a dia sem prazer.

Seus olhos continuavam fechados, seu rosto mostrava que ainda viajava sobre altas montanhas, outros tantos céus, nenhum morto, nada nasceu ou foi assassinado naquela hora, até o sol brilhou dentro do quarto ofuscando cada centímetro de luz que ejaculou sobre seu rosto maquiado de mulher.

27/10/2006

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 27/10/2006
Código do texto: T275230
Classificação de conteúdo: seguro