# O CAIXÃO #
Era um caixão postado na sala. Imagine só! Na sala de entrada, antes da sala de visitas, defronte da porta da rua, de um pequeno povoado antigo. Igreja ao centro e as casas em redor ao modelo da “polis” "cidade-estado grega".
Lugar das primeiras reminiscências adormecidas, que
enfeitam uma tela, projetada na mente adormecida da infância.
O caixão lá na sala. Portas e janelas escancaradas desde o sol raiar, no silêncio do povoado pacato, até a noite, clareada por lamparina a querosene. Não havia ladrões! Lugar sombrio na escuridão oculta das noites sertanejas, tão cantado por seresteiros à sua amada.
Os habitantes do lugar nunca indagaram o porquê e o que continha naquele caixão na sala. Especialmente nos dias de festa, final de ano. Festa religiosa de São Francisco em outubro e Nossa Senhora da Conceição em dezembro, quando se reuniam as pessoas das redondezas: Matutas, gorduchas, desdentadas, comendo pipoca no meio da rua e dando gargalhadas extremadas, usufruindo da liberdade dos que não conhecem os rigores e critérios sociais.
Retornavam também as famílias, que já estavam há algum tempo na cidade grande e os estudantes, que os pais enviavam para estudar até a quarta série primária. Jovens cheias de empáfia, "orgulho dos pais". Estudavam no colégio das irmãs Salesianas, ranzinzas, conservadoras. Educavam toda juventude, tendo o pecado e a purificação da alma como prioridade na formação familiar, dando continuidade aos costumes arraigados das famílias conservadoras
E todos passavam em frente a porta. Olhavam para o caixão retangular, um metro e trinta por cinqüenta, na média. A dona da casa, costureira renomada, fazia as roupas novas, anuais, com babados e rendas à moda do lugar. Cortava os tecidos em cima do caixão.
As crianças da casa, nem por decreto abriam o caixão. Quem ousaria? Criados obedientes porém sem bons hábitos higiênicos: Mãos sujas, unhas de gato do mato, cabelos ressecados lavados com sabão de coco do lugar, dentes sem escovação. Eram limpos com as folhas do juazeiro e ficavam branquinhos que só vendo! Porém tinham hábitos nos banhos diários no caudaloso rio do lugar, que favorecia o plantio com a agricultura de subsistência.
O caixão!!! Cheio de farinha branquinha de mandioca! Durava até a próxima farinada. Nem mesmo para pegar os beijús, de goma com coco, as mãos sujam tinham tal atrevimento. Mas quando o Sr. Raimundo, enterrava lá no fundo, pra não ressecar, o queijo, o decreto ruía por água a baixo...
Era um caixão postado na sala. Imagine só! Na sala de entrada, antes da sala de visitas, defronte da porta da rua, de um pequeno povoado antigo. Igreja ao centro e as casas em redor ao modelo da “polis” "cidade-estado grega".
Lugar das primeiras reminiscências adormecidas, que
enfeitam uma tela, projetada na mente adormecida da infância.
O caixão lá na sala. Portas e janelas escancaradas desde o sol raiar, no silêncio do povoado pacato, até a noite, clareada por lamparina a querosene. Não havia ladrões! Lugar sombrio na escuridão oculta das noites sertanejas, tão cantado por seresteiros à sua amada.
Os habitantes do lugar nunca indagaram o porquê e o que continha naquele caixão na sala. Especialmente nos dias de festa, final de ano. Festa religiosa de São Francisco em outubro e Nossa Senhora da Conceição em dezembro, quando se reuniam as pessoas das redondezas: Matutas, gorduchas, desdentadas, comendo pipoca no meio da rua e dando gargalhadas extremadas, usufruindo da liberdade dos que não conhecem os rigores e critérios sociais.
Retornavam também as famílias, que já estavam há algum tempo na cidade grande e os estudantes, que os pais enviavam para estudar até a quarta série primária. Jovens cheias de empáfia, "orgulho dos pais". Estudavam no colégio das irmãs Salesianas, ranzinzas, conservadoras. Educavam toda juventude, tendo o pecado e a purificação da alma como prioridade na formação familiar, dando continuidade aos costumes arraigados das famílias conservadoras
E todos passavam em frente a porta. Olhavam para o caixão retangular, um metro e trinta por cinqüenta, na média. A dona da casa, costureira renomada, fazia as roupas novas, anuais, com babados e rendas à moda do lugar. Cortava os tecidos em cima do caixão.
As crianças da casa, nem por decreto abriam o caixão. Quem ousaria? Criados obedientes porém sem bons hábitos higiênicos: Mãos sujas, unhas de gato do mato, cabelos ressecados lavados com sabão de coco do lugar, dentes sem escovação. Eram limpos com as folhas do juazeiro e ficavam branquinhos que só vendo! Porém tinham hábitos nos banhos diários no caudaloso rio do lugar, que favorecia o plantio com a agricultura de subsistência.
O caixão!!! Cheio de farinha branquinha de mandioca! Durava até a próxima farinada. Nem mesmo para pegar os beijús, de goma com coco, as mãos sujam tinham tal atrevimento. Mas quando o Sr. Raimundo, enterrava lá no fundo, pra não ressecar, o queijo, o decreto ruía por água a baixo...