O JULGAMENTO DO POBRE
Num país algures, mas que existe, um homem foi levado
à presença do Juiz de “Pequenas Causas”, pois havia feito
uma reforma na sua casa e não havia avisado os órgãos
competentes.
Juiz – Muito bem Sr.Castilho, o Sr. sabe do que está sendo
acusado?
Castilho – Senhor dôtor, disseram que é porque fiz um pu-
xadinho no meu barraco.
Juiz – Barraco qual o quê? O Sr. fez um aumento na sua casa,
em alvenaria , sem o conhecimento da prefeitura e da ordem dos
Engenheiros.
Castilho – Sr. Dôtor me a descurpe , mais uma coisita tão pequena
percisava de tudo isso?
Juiz – Chame-me de Meritíssimo Juiz.
Castilho – Sim, Sr. Dôtor.
Juiz – Tenho em mãos o laudo técnico dos Engenheiros que vistoriaram
sua casa , e constataram um aumento de 8,5 m², que tem o senhor a dizer
sobre isso?
Castilho – Seu Juiz eu só fiz um banheiro pro povo lá de casa, nóis usava
a latrina, mas as moscas e o fedor eram ruim e a vizinhança inté reclamava.
Juiz – Então o Sr. admite que reformou sua casa? O Sr. não sabe que há
leis na cidade para serem cumpridas?
Castilho – Qual cidade seu Juiz, até eu chegar no meu trabáio, eu levo pra
mais de hora e meia, e minha muié, saí cedinho, inté é escuro , para chegar na casa da patroa dela pelas nove da manhã .Lá num é cidade não, fica muito longe mermo, nóis nem tem luz que acende, isso lá é cidade óh gente!
Juiz – Isso não é desculpa Sr. Castilho, o Sr tinha obrigação de retirar as licenças competentes , pagar as taxas para aumentar sua casa.
Castilho – Seu Dôtor, o Sr. não entendeu, num posso pagar nada, se não minha familha não come, e eu só pensei em melhorar a vida dos meus, para não usarem mais aquele chiqueiro.Minha filha mais véia, - que eu tenho 5 filhos- a que tem 12 anos ficou tão feliz com o banheirinho que inté botô um espelho lá, prá mode de pentear os cabelos.
Juiz – Isso não me interessa, ou o Sr. contrata um engenheiro, e pede autorização da prefeitura, ou o aumento feito na sua casa será demolido.
Castilho – Isso é que não homê de Deus, eu guardei um dinheirinho quatro anos, prá dar esse presente ao meu pessoar.
Juiz – Ou legaliza ou demolimos! Tenho dito!
Após esse diálogo , o Juiz encerrou a sessão , e deu a Castilho 15 dias para regularizar a situação.
Como a pobreza de Castilho era extrema, o pobre homem não pode atender as exigências do Juiz, e não acreditava que um dia viriam derrubar seu bem precioso.
Numa segunda- feira , adentraram no terreno de Castilho, uns senhores com Ordem Judicial e uma retro-escavadeira, num instante demoliram
o ditoso banheiro!
Pergunto eu? Foi feito Justiça?
“Qualquer semelhança com casos reais é mera coincidência”