O primeiro baile... 1
Ela, uma menina muito pobre, não tivera infância, começara a trabalhar
com apenas onze anos de idade. Antes disso, desde os seus quatro ou cinco
anos já ajudava nos afazeres de casa. Sua família, composta de pai,
mãe, quatro irmãos homens e três mulheres, sendo ela a mais velha das
meninas.
Todos sabem que, nas famílias pobres, a filha mais velha é quem recebia a
imcumbência de cuidar dos irmãos menores e, com ela não foi diferente...
Ia á escola, mas quando voltava, nem bem entrava em casa e a mãe já lhe
solicitava seus serviços... _ Dê banho neste, faça a mamadeira daquele , la-
ve as louças que estão na pia, emfim... Não tinha quase tempo, nem mesmo
para fazer as lições de casa que a professora lhe passava...
Um de seus irmãos mais novos, o penúltimo, em ordem de nascimento, foi
muito doentinho, sofria de bronquite. Como se não bastasse, havia contraído
também a malária. E como sofria aquele pequeno!
Pra quem não sabe, a malária é uma doença infecciosa, causada por parasitas
protosoários, transmitida por mosquitos.(Ela ainda é uma das doenças mais
comuns e um grande problema de saúde pública em vários países). Seus sinto-
mas incluem febre, calafrio, dores nas articulações, vômito, anemia, hemoglo-
binúria e convulções.
E, a pequena menina, se via ás voltas com esse irmão... Quando o pequenino era acometido de uma crise, ela já sabia: Teria que ficar o tempo todo ao lado dele
Pois o mesmo só queria colo, vinha junto a bronquite e, ele não conseguia de
maneira nenhuma pegar no sono. Não podia ser colocado no berço... Ela o
embalava, cantava-lhe todas as canções de ninar que sabia, quando parecia
estar dormindo, o que era motivo de alegria para ela, pois poderia ir para
o quintal, onde a criançada toda brincava e se divertia, ou então, fazer os
suas lições de casa.
Mas, no momento em que fazia menção de colocá-lo na cama, o danadinho
abria a boca fazendo tamanho berreiro, então ela sabia, teria de começar tudo
de novo...
Heis que um dia, sua mãe fica doente e precisa consultar um médico, mas médico,
só na cidade vizinha, que fica há uns cinqüenta quilômetros de distância de onde
moravam. Teria que ir de ônibus, e chovia, chovia á cântaros... Sua mãe saiu
deixando-lhe a recomendação para que cuidasse do irmão, não o deixasse sair
na chuva, pois ele não estaria muito bem, tinha até mesmo um pouquinho de febre.
continua