QUE CANTE O GALO!
Que cante o galo seresteiro,
com toda força do seu clarinar,
para acordar o homem campeiro
que, ainda, está a cochilar.
Que cante um som profundo agora,
no despertar de pleno alvor.
Que cante por esse mundo afora,
e mostre que é cantador.
Que cante até na campina,
no agreste e na grande cidade,
com o seu canto que fascina.
Com o seu canto de felicidade.
Que cante o galo no terreiro
e que alegre o dia acorde.
Vendo o sol nascer por inteiro
recebendo a manhã com seu acorde.
Que cante em plena madrugada
todo seu canto arrogante,
agitando a noite fadada,
para que o dia seja vibrante.
Mas, infelizmente, querem silenciá-lo
para não ouvirmos o seu clarinar.
Mudo e triste poderão deixá-lo
para o dia jamais acordar.
23/08/1991
Haroldo Franco