A menina que se emociona com o céu
Uma menina de seis anos não se interessa por coisas básicas. Nem sorvete, nem cachorro, nem parque de diversões, nem boneca. Ela perdeu totalmente a graça, nem disfarça.
Sua mãe achava que ela precisava de um sorvete de morango, então foi ao supermercado e comprou um pote só para agradar a menina. Ao chegar em casa, a mãe entregou o pote à menina e ela ficou olhando para aquilo como se fosse somente uma sobremesa para o jantar.
O pai, ao comprar um cachorro, pensou que agradaria a filha. Mas aquele animalzinho indefeso era tão instável quanto ela.
Sem saber o que fazer os pais a levaram num parque de diversões, mas a garotinha não se divertia com nada, e nem quis comer algodão doce nem pipoca.
Mas até hoje a menina, já com seus dezoito anos de idade, não se esquece de quando viu o céu estrelado numa noite de domingo e se apaixonou com a visão. Era uma das primeiras vezes que ela se sentia grata por ser criança e presenciar aquele infinito. Quando a menina fica triste ou não quer saber de nada, ela senta na varanda e fica ali, só ela, o céu e a emoção.