Nu

A mão, a direita, ocupada com o cigarro ilegal. Sobe e desce as duas faziam, uma da boca até a altura do peito e a outra do início ao final do seu pênis. Os olhos incapazes de desviarem o olhar da tela do computador permaneciam excitando o garoto. Poderia ser chamado de João, ou Pedro, ou Arthur, mas na noite anterior ao seu nascimento seu comprador cismou com Antônio. Estava escrito no seu login do site proibido para menores de 18 anos, ou para os que tenham pudor, ou para os defensores dos animais, afinal a maioria das pessoas diz ser contra sexo com outras espécies. 2, 5, 10 minutos e então um jorro de esperma surgiu, vitorioso à procura de um óvulo equino para fecundar e gerar vida. O garoto fechou os olhos, suspirou, permaneceu sentado na poltrona com sua barriga acusadora, então decidiu levantar-se e limpar seu prazer materializado. A campainha tocou. Seria a pizza? O olho mágico realmente tem seus benefícios. O dinheiro foi entregue por baixo da porta, um minuto depois seu braço se esticara de dentro do apartamento até a assassina de laricas, quente como seu líquido pecaminoso. Que delícia. Sentou-se a mesa e devorou seu alimento com voracidade. O telefone tocou. Alô é do Plano de Saúde Deixa Ca’gente, o senhor Antônio Augusto... foi na cara da operadora de telemarketing que ele desligou. Um saco esses telefonemas que eles fazem. Ninguém se interessa por serviços que te ligam durante um programa qualquer, horário de trabalho, quiçá de descanso. 19 anos e o estresse era sua companhia fiel. Depois de acordar 6 da manhã, pegar dois turnos naquela empresa chata e marcar presença nas aulas de Cálculo ninguém está apto para fingir compaixão. Terminada a 4 queijos ficou perdido entre idéias aleatórias: sair do emprego, voltar para casa, matar os pais e ficar com a herança, assaltar o vizinho do 405 e pular da varanda. Balançou a cabeça e se concentrou naquelas criaturas que o rodeavam. Cantavam de mãos dadas, fazendo um circulo em torno da sua cadeira, olhos maldosos, risadas intercaladas com aquela língua irreconhecível. Os gnomos nunca lhe foram simpáticos. Com aquelas mãos pequeninas apertavam seu coração até ficar inconsciente. Seus inimigos imaginários o perseguiram toda a noite. De repente um galho com goiaba surgiu da sua boca, uma minhoca movimentava-se em direção aos seus dentes. Despertou. Eles continuavam ali. Adormeceu.

Pedro Igor Bento
Enviado por Pedro Igor Bento em 12/01/2011
Código do texto: T2723986
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