Gabriela estranhou receber uma carta pelo correio. Olhou o envelope e logo reconheceu a letra da tia.
 



“Querida sobrinha
 
Hoje estive com sua mãe e fiquei muito preocupada. Ela parece enfraquecida, disse que teve problemas, tomou um remédio que não fez bem... Enfim, você está aí perto deve saber melhor o que está acontecendo, não dá para a gente entender direito. De qualquer modo, tenho a impressão de que ela não colabora para melhorar a situação. Por exemplo, tem se alimentado muito mal, come pouquíssimo. Fomos ao restaurante e ela não almoçou, só comeu uns pedacinhos de fruta. Tudo bem, tinha acordado tarde, foi a uma festa ontem... Perguntei dos outros dias. Ela respondeu que come ‘quando dá ’... (?). Credo, até parece mendiga! Falei de vitaminas, ela disse que o médico lhe deu amostras, mas ela não tomou. Eu, além de me alimentar bem (talvez mais do que devesse rs), de vez em quando tomo essas multivitaminas e acho que fazem bem, me sinto mais disposta. Para alguém que ‘quase não come’, suponho que dêem forças, além de abrir o apetite. Sei que na nossa idade (minha e dela) nem sempre o organismo retém tudo através da alimentação. O que me preocupa é que quanto menos a pessoa come, menos fome tem... e isto pode ser perigoso. 

Claro que os problemas de saúde devem ser tratados, ela deve ir ao médico saber o que causou isto ou aquilo. Mas se deixar de comer não adianta nada. Tia Marina passou a vida com problemas, você sabe, não é? Ela comia pouco: banana, pedacinhos de goiabada, chá preto, pão e torradas. Arroz, bifinho passado na chapa ou então macarrão (sem molho de tomate!) ou canja. Nada complicado, nem caro. Outra coisa que ajuda é clara de ovo, que pode ser misturada a um caldinho de carne, por exemplo. Ultimamente comecei a comer pudim de clara como sobremesa e logo descobri que faz bem para a pele, para o cabelo e para os músculos. Sei que sua mãe não pode comer doce, por isso falei do caldinho. Ela também pode optar por gelatina diet.
 
Eu fiquei aflita, falei com tanta veemência que ela até chorou, mas eu não queria magoar minha irmã, só fazê-la entender que precisa reagir. Tenho certeza de que você pode convencê-la!
 
Beijinhos
da Tia Clarice”




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