MANGA ABACAXI
-Querida, compadre Magela trouxe três caixas de mangas.
-Nossa! Para que tanto?
-Para dividirmos com os nossos amigos.
As mangas de Aimorés, MG, são muito gostosas.
No nosso velho quintal tinha vários pés de Espada e Rosa.
Papai pegava uma por uma, com uma latinha presa no bambu. Após colhê-la, ele a jogava para cima, para pegarmos com um saco enfiado em dois cabos de vassoura. De vez em quando, escapulia uma e nos acertava as costas.
As frutas eram lavadas, escolhidas e colocadas à venda, sobre a mesa da área, à vista dos transeuntes.
Num domingo ensolarado, as alunas do internato do Colégio Nossa Senhora do Carmo passaram com as freiras, no passeio matinal, e compraram todas. Papai ficou feliz da vida.
-Ana, amanhã te pagarei, viu?
-Eu também.
-Acerto com você no colégio, sem falta.
Este foi o trato das minhas colegas. Você pagou? Nem elas. Resultado: ficamos no prejuízo.
Papai gostava de fazer enxertos em roseiras. Um mesmo pé produzia flores de cores diferentes. Era maravilhoso!
Ele aprimorou tanto a sua técnica, que nasceu uma rosa vermelha exuberante, bem escura por dentro das pétalas, que recebeu o nome de Príncipe Negro. Essa roseira era o seu xodó. Todos a admiravam pela formosura.
Um belo dia, ‘seu’ Dionísio resolveu fazer uma experiência numa mangueira, para os frutos nascerem sem caroços. Era o seu sonho.
Sob seu olhar expectante, os frutos cresciam, mas nada de pegarem pelo menos um pouquinho da cor da sua rosa preferida.
Até que enfim, chegou o dia tão esperado. Ansioso para ver o resultado, papai pegou o bambu com a latinha, colheu a maior delas e, devagarzinho, colocou-a no chão.
Sur-pre-saaaaa!! A fruta com a casca esverdeada tinha o caroço tão grande que apontou uns dois dedos para fora da polpa.
O ‘velho’, contrariado, colocou-lhe o nome de Manga Abacaxi.