Mas, então, faz que nem comadre Rosinha. Conselho é aquela história, né, mais antiga que eu: se fosse bom ninguém dava, vendia. Mas eu me apeteço bem dessas façanhas de mulher de pejo. E comadre Rosinha, foi!

Levava ela aquela vidinha – num sabe? – apertadinha, de nó de marinheiro, gravata de tamanduá, tomadinha, tomadinha que sempre foi pelo compadre Alvino. Ele bonachão! Mulher minha não trabalha fora! Mulher minha não frequenta rua! Mulher minha e mulher minha...

Rosinha que nem palito, com as roupas que, se soltasse, andava sozinha pela cidade. Por causa de sujeira não, que ela era a mulher mais caprichosa que já vi, mas por causa do costume do corpo e dos andamentos. Tudo contadinho: quitanda, farmácia, padaria. Depois o cumprimento das obrigações com o compadre. Sei não, mas tudo tão arrumadinho! As doses certinhas, os lados tudo do mesmo jeito, medidinho! Parecia até que ela contava os grãos de arroz, depois do feijão, num sabe? A couve, precisava de ver, era uma linha de bordadeira, tão fininha era cortada. Ah, Alvino gosta bem afilada!


Rosinha não tinha querer não! Era que nem uma palha seca, só tinha serventia para fogo! Fogo de fogão e panela e aquele outro fogo lá, num sabe? E fogo de palha, minha filha, tem que inflamar toda hora, né mesmo? E ela bem mais nova que ele uns vinte anos. E você não via um reclamo sair daquela boca. Era Deus no céu e Alvino na terra, como se diz. E o compadre, precisava de ver, não era fácil, não. O homem não tinha hora e nem dia. Às vezes ela estava lá nos fundos estendendo roupa na cerca e vinha ele puxando a mão dela. Todo mundo sabia: as janelas, ele fechava e só abria muito tempo depois quando a satisfação colava na cara do safado que vinha pela rua abecando as calças.


Belo dia, ninguém sabe, ninguém viu, Rosinha saiu de casa amaldiçoando o cão, entrou no boteco de dona Jurema e empapou para mais de uma talagada da purinha, como falam aí, e rumou de um passo só de volta para casa. Não restou uma agulha dentro daquela moradia. As coisas voavam janela e porta afora que nem um bando de morcego rumando da escuridão para o dia.


Na rua, todo mundo mudo. Ninguém aventurava uma palavrinha, ao menos. O compadre apareceu com uma charrete catou umas coisas e tomou itinerário de desaparecido. O que restou pelo chão foi pego por quem ouviu ela gritar uma vez só: “Maldito! Some dessa vida de Deus! Paixão, comigo mais não, violão!”


Ah! Mas aí a vida dela se arregalou! De largueza e de fundura. A danada era bem apanhada, não sabe? Nunca ninguém deu uma declaração sobre o assunto. E pensa que ficou lá amuada, chorando o morto? Nada. Tempinhos depois se via Rosinha nas festas, feliz que nem passarinho em manhãzinha de verão. Quando os moços ameaçavam uma palavra mais apertada de compromisso, vinha ela: “Paixão, comigo, mais não violão!”



Oi, amigos!
Andei muito triste e por isso me afastei um tanto. Meu grande companheiro e fiel amigo, meu cão, morreu. Doeu muito! Mas, devagarinho, a dor vai se transformando numa grande saudade. Devagarinho também vou voltando... com saudades.
Bjs
,
Eliana Schueler
Enviado por Eliana Schueler em 08/01/2011
Reeditado em 12/07/2011
Código do texto: T2716949
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.