Conto com haikai (2)

Escrevo hoje:

«Nas democracias "avançadas", ocidentais, tudo é democrático.

»Por exemplo, decido livremente sair da casa para passear. E saio. E mesmo posso passear sem incomodo de nenhum e a nenhum. Eis um caso, nada surpreendente, de exercício democrático, ocidental.

»Noutro momento prefiro escutar música clássica, de defuntos, e ninguém mo impede na casa. Ou quase ninguém. Eis outro caso, também não surpreendente, de exercício democrático.

»Enxergo que os governantes que nos governam, acaso sejam corruptos, talvez se deixem comprar e quiçá se vendam barato, ao meu custo, ao custo dos governados. Mas apenas enxergo: Portanto, democraticamente não posso acusá-los, enquanto não provar que os são. Eles, pela sua parte, procuram democraticamente impedir que os cidadãos possamos provar nenhuma das acusações prováveis, que dessarte ficam sendo improváveis... democraticamente.

»Consequentemente, achamo-nos mergulhados nas vantagens das democracias "avançadas", ocidentais, de toda elas e de cada uma em particular. Perfeito!»

...

E "haikaizo":

Ocidente doce,

cheio de democracias,

as ânsias vazias...?