Noite feliz!
Eram mais ou menos sete horas da manhã quando Luisa acordou apressada e com fome, mas ela não pode tomar o leite matinal que tanto apreciava, não havia tempo. Seguiu até o edifício 200.
Chegando lá fez o q precisava ser feito. Alguns conhecidos passavam e a cumprimentavam, outros estranhavam a situação, mas não ousaram perguntar, algumas pessoas de bom coração lhe ofereceram o que comer. Ela aceitou de bom grado. Hora ou outra aparecia sua mãe para lhe entregar algum alimento e certificar-se de que, dentro do possível, estava tudo bem. No coração daquela menina, de apenas treze anos havia uma esperança invejável. Talvez a esperança que só as crianças possam ter.
Assim, passou um dia inteirinho, um dia quente e de sol o que facilitou um pouco a missão. Quando chegou a noite e nada mais era possível fazer, sua mãe e seus irmãos foram ao seu encontro. Todos com muitas lagrimas nos olhos a abraçaram e a informaram de que ela já podia deixar aquelas caixas para trás, não teriam mais onde acomodar nada do que tinham.
Então mãe, Luisa e irmãos seguiram caminhando em direção a praia que ficava há poucas quadras dali. Todos já estavam preparados para dormir ao relento, e, quando mal tocaram os pés na areia meio úmida pela maresia, surgiu aquilo que se pode chamar de verdadeira amizade:
Sem nem mesmo saber do despejo, aquela também menina, enxergando toda aquela tristeza vivenciada por sua melhor amiga, não pensou duas vezes. Correu p/ o seu apartamento e voltou até a praia repetindo as seguintes palavras:
“Você é minha melhor amiga, não posso deixá-la aqui! Hoje vocês ficarão em minha casa"
E pelo menos aquela família ganhou mais uma noite de esperança.