Consolação
Saiu do cinema daquele shopping, sem destino certo. Pensou em ir até a sala de jogos eletrônicos, mas logo lembrou que a sua máquina predileta estava com defeito. Decidiu então ir até a livraria terminar de ler uma coletânea de poemas do Fernando Pessoa. Na página em que abriu, havia um poema chamado Adiamento. Começou a ler, degustando cada palavra e quando terminou não se conteve. Começou a soluçar desenfreadamente e ele persistia, lutava para sufocar, mas não conseguia.
Do outro lado da prateleira, uma mulher que lia tranquilamente um livro de auto-ajuda, veio em sua direção para ajudá-lo. A pedido dela, sentaram-se em um sofá. Ela se apresentou como Camila e ele como Jonas.
Recomposto da emoção, Jonas explicou a Camila que aquele poema havia sido um tapa em sua cara, pois sua vida estava pra lá de procrastinada. Camila o entendia perfeitamente, pois se identificava com o seu caso. Há tempos ela vinha ensaiando uma reviravolta em sua vida, mas não tinha coragem para tal ato.
Resolveram então ir a um restaurante tomar uns drinques para se conhecerem melhor. Após estarem completamente embriagados, a cena da choradeira se repetiu, mas agora era Camila que não se continha e Jonas que a consolava. De repente um homem extremamente elegante e afeiçoado se aproximou da mesa pedindo permissão para se sentar. Ele se apresentou como Douglas e disse que há tempos havia percebido o clima de desconsolo que reinava naquela mesa e que estava disposto em ajudá-los a terem um pouco mais de alegria.
Passados dez minutos, o clima naquela mesa já era outro. O casal era agora só risos. O Homem que estava com eles era um pastor. Um pastor fanho.