Acontecimento

- Nossa!!! Que é que é isso!!! Sério?

- Sério, verdade mesmo, tem dois internado e um diz que morreu.

- Nossa! Que falta de noção gente. De onde esse povo tira essas idéias.

- Uai! Pois é. E eles ficaram tramando isso um tempão.

- Sabe o que dá numa coisa dessas?

- Hummm?

- Turma. Junta um monte de gente sem noção. Ai tem um criativo, um que pega e faz, e um monte para dar apoio moral. Ai você junta um pouco de cachaça...

- Pois é Leandro, ali é um muiiiiito de cachaça.

- ... é, um muito de cachaça, muita falta de noção, e muita falta de serviço também. Ai só pode dar merda. Um tem a idéia, o outro com iniciativa pega e faz, e os outros sem juízo vão atrás. Mas quem que é esse povo?

- Ah Lé, acho que você não conhece não. O Tatu, que diz que foi o que morreu, mora pra cima ali da rua onde o Marinho morou... onde tem aquela oficina de bicicleta.

-Ah sei.

- O resto, a maior parte é um pessoal daqui de cima do bairro Cachoeira mesmo. Talvez você conheça o Nandim Coruja.

- Ah, não sei não. As vezes até conheço de vista, mas assim pelo nome não sei não.

- Irmão do ... ele é tio do Cristiano que trabalha lá na loja do Dinei. Sabe?

- Um branquinho, com a cara redonda?

- Esse mesmo.

- Se quem que é, mas não conheço direito não.

- É, é esse povo. Acho que você não vai conhecer não. É um pessoal que fica mais aqui pra cima no Cachoeira mesmo.

- Mas você viu eles tramando onde?

- Ali no bar do João Barão. Eles tão sempre ali.

- Ô Juliano, mas que idéia desse povo hein, tá doido.

- Ô, e como eles deviam tá doido mesmo – risos.

- Opa! Bom Lé, Bom Juliano.

- Oi Marcelinho, tá jóia?

- Beleza Marcelinho?

- Tudo bom. Como é que tá ai Juliano?

- Marcelinho, tem só o Lé aqui, mais ninguém na frente não. O Geraldinho passou aqui mais cedo e falou que ia trazer o menino dele, mas não confirmou que vinha, então acabando o Lé aqui e corto o seu. Mas senta ai.

- Marcelinho, o Juliano ta contando o caso aqui do pessoal que matou um urubu pra comer de tiragosto.

- Sério? Que é que é isso. E ai?

- Conta ai a história inteira, você que sabe pra ele Juliano.

- Uai Marcelinho, diz que um morreu, a maioria foi parar no hospital e tem dois lá ainda.

- Ta doido, matar urubu para comer.

- O Marcelinho, eu tava aqui trabalhando e vendo eles reunidos ali no bar do João Barão. Estavam numa animação danada. Só confabulando. Não dava pra escutar não, mas dava pra ver que era treta. Ai eu to vendo, eles só confabulando, só armando. Ficaram rapaz ... umas três horas seguida tomando cachaça e rendendo o assunto. E isso que parece que eles já vinham tramando isso já tinha uns dias. Diz o Cristóvão que tava o Anacleto Deixa-Que-Eu-Chuto tava questionando falando que o gosto devia ser muito ruim, e que o Nandim Coruja falou que era parecido com carne de caça.

- Uai, Mas ele já comeu.

- Uai Marcelinho, comeu não devia ter comido não, mas ele diz que já tinha ouvido falar. Que se cozinhasse antes e jogasse a água fora e depois fritasse e comesse com bastante alho que era bom demais. Carne com gosto forte. Que ficava igual carne de caça.

- Mas quem que tava?

- Oh, pelo que me falaram tá. Era o Tatu, que eles tão falando até que morreu, o Nandim Coruja e o Bracelar, que diz que tão ruim no hospital, o Tombo, o Chiquim Ponte Nova, o Manoel Curupaco, e o Donin da Maria Rita do posto de saúde lá do Sumaúma.

- Nossa senhora, não tinha ninguém então não.

- Pois é – risos.

- É, mas eu to pensando aqui viu. Bem feito também. Hein Lé, olha só, covardia matar urubu também né. Bicho bom, que não faz mal pra ninguém, limpa os bichos mortos.

- É, e além disso tem também o fato de que comendo os bichos mortos ele ingere um monte de bactéria de carne apodrecida né Marcelinho.

- É, mas é maldade também.

- Hein Lé, maldade e doidera. (risos) Aliás Marcelinho, por falar em doidera, o quê que aconteceu lá com o povoda sua prima lá rapaz.

- Ah sô, nem te conto. Comer urubú é pouco perto daquele povo lá. E o pior é que...

Sanyo
Enviado por Sanyo em 14/12/2010
Código do texto: T2671534
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.