Liberdade

E eu caminhava para minha plena libertação. Ninguém sabia o quanto eu havia lutado para chegar ali. Ninguém podia compreender, ou tentar entender. Aquele momento era só meu. Apenas meu.

A chuva batia tão forte nas minhas costas que doía. Mas não importava. Eu estava ensopada, a camisa marcava as minhas gorduras, era branca e grudava em minha pele. O cabelo horrível. Provavelmente as roupas fedidas.

Mas, eu juro, não importava.

Eu dava as costas para o passado insuportável. Eu realmente tinha colocado o sofrimento e a perda no passado. Eu não precisava mais remoer as feridas. Não precisaria mais conviver com as pessoas que eu odiava, os amigos que me traíram. Eu estava sozinha – eu podia estar sozinha, enfim.

O ar entrava mais fácil em meus pulmões. O coração batia aliviado. O sorriso brincava fácil em meus lábios – depois de meses, ao menos um sorriso honesto... E que saudade desse sorriso. Saudade dessa minha parte sepultada pelas pessoas erradas e, depois, por mim mesma.

Agora, no entanto, nada mais disso existia. Eu dava as costas. Eu ia embora.

O mais importante é que eu ia embora sem olhar para trás. Sem me arrepender. Dizendo - Agora, nunca mais. Nunca mais.

Débora Dias
Enviado por Débora Dias em 08/12/2010
Código do texto: T2661288
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