Soraya Cocada
cAcordou, sentiu a cabeça pesar por conta dos martinis , a nuca ainda úmida revelava os cachos suados. Olhou em volta do quarto desconhecido levou a mão a testa inultimente tentando conter o suor que brotava em gotas. Otempo estava quente
Sentada nua a beira da cama Olhou o corpo adormecido a seu lado e riu-se sozinha,Tantos elementos tomaram seu corpo, suas formas , senhores, rapazes , até mesmo algumas mulheres deleitaram-se naquele corpo moreno.Suas curvas finamente delineadas a mão tinham colocado a ela a chance de sair da pequena cidade onde era nascida.
Seus olhos eram de luz e sol, grandes e redondos, lhe davam uma visão ainda ínfima do universo.
Desistira de muitos sonhos, e ali naquela manhã , quando seu olhar expandiu decidira; não era mais Soraya,não era mais maquiagem e perfume.
Buscou suas roupas ao chão, banhou-se vagarosamente na esperança de limpar a alma , a carne ... esfregou os lábios ainda manchados pelo vermelho do batom, vestiu-se mais não se perfumou. Atravessou bruscamente a porta deixando esquecido até mesmo seu dinheiro.
Apenas atravessou a porta e saiu.
Saiu menina Regina, deixou-se sentir o sol a queimar a pele, tirou os sapatos e repousou por inteiro os pés no chão, pedregulhos reluziam dando brilho aquela manha.
Regina lembrou-se então, do vento que sacudia seu vestido ao estender as roupas no varal, o cheiro da cocada mole fresquinha que ainda fervilhava na panela. Hummm quase pudera sentir o gosto.passarinhos,o riso baixinho nas missas, procissões.Tudo lhe voltava a mente com incrível grandeza e simplicidade. Sentiu prazer em ser quem era.
Contara então seus trocados, e andando vagarosamente pelas ruas da lapa , partiu.
De dentro daquele ônibus no silêncio, todos se perguntavam quem era aquela que embarcara pra tão longe viagem sem malas e de chinelos?
Embarcara sem ter a quem se despedir, a quem dar adeus.
Era Regina , menina moça do interior
E regina ria debochadamente mergulhada em um passado, que curiosamente voltara a ser seu destino de viagem.