Jogada burguesa

Jogada burguesa

Em certa ocasião, um menino pobre e humilde, sonhava ir

a uma lanchonete requintada perto de casa, para comprar um

sorvete de chocolate com cobertura. No seu limitado horizonte,

não imaginava que no jogo dos “vivos”, só se for craque...

Determinado a alcançar o fim desejado, passou a trabalhar

mais na cata de lixo reciclável, ajuntando algumas moedinhas.

Ao concluir a jornada, banhou-se, vestiu sua melhor roupa sem

etiqueta de grife, foi e sentou-se em um dos bancos altos. Logo,

a indumentária e a postura simples, causaram desconfortos tanto

para a moça que atendia quanto aos clientes em geral.

- O que você quer, guri? perguntou a moça.

- Um sorvete de chocolate com cobertura. Quanto é?

Impaciente a moça demorou a responder.

- Custa oitenta centavos!

Ele sorriu, pegou as moedinhas e como sempre, voltou a contar.

Ficou constrangido e fez nova indagação.

- E se for sem cobertura?

- Sessenta e cinco centavos, respondeu distante e irritada.

- Ok, eu quero um assim.

A moça virando-se, sem nenhuma pressa, resolveu atendê-lo.

Em contrapartida, aquela criança na pureza começava a viver

um lindo instante de prazer e interação, enquanto aquela moça

em uma atitude preconceituosa não conseguia corresponder.

Afinal, o pequenino inocente foi servido, saboreou, ficou ainda

mais contente, despediu-se e se foi, deixando sobre o balcão o

pagamento combinado e mais trinta e cinco centavos como gorjeta.

A moça ao contar os trocadinhos, lembrou-se do ocorrido, ficou

emocionada sem deixar ninguém notar, indo para o outro lado e

disfarçando enxugou os olhos molhados. E a vida seguiu como

dantes...

Haley Romario
Enviado por Haley Romario em 04/12/2010
Reeditado em 04/12/2010
Código do texto: T2653167
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