NO BRILHO DA LUA -*

Eu, eu vou pra um lugar distante. Lá é bom, tem vento e ventania, mas tudo na temperança. Barulho, só pra quem quer. Tem muito verde pra descansar a vista, e um vento fresco que arrebata o calor que cola no suor. É bom de mais! Tem também uma leva de sombra de todo tipo, as que enfrentam o outono e as que se vão nele, mas chegada á hora, inunda com suas flores de variados perfumes e cores toda a mata. Uma festança “danada de boa”, fruta, então nem te conto o tamanho da fartura de sabores. Minha gente! E de dar água na boca.

Que pressa que estou! Lá na época das águas, imaginem, elas correm nas vertentes da terra, principalmente aquelas caídas sem muito cuidado. É pra não estragar e nem mexer com nada e nem com ninguém. E o céu! Inté dá gosto de se ver quando a noite cai. Um manto estrelado pra iluminar o caminho da lua que rompe o horizonte.

E essa brilha. E como! Às vezes só mostra uma beirada, mas fica linda de encher os olhos. E quando quer ajudar o sol e tornar a noite em dia, pede um pouco mais de brilho e fica toda cheia e lhe dá um dedo de prosa. É que ele fica do outro lado do mundo cuidando das coisas. Assim me disseram: — Ele fica mais tranqüilo, sabendo que ela bule com as trevas, iluminando e deixando tudo a “olhos vistos”, e não deixa ninguém errar o prumo das coisas.

Um lugar de todas as cores e formas de gente, mas tudo amiga. É bem certo que tem os que capricham ainda mais se enfeitando com mais cor e enfeite, vê se isso è possível! Se enfeitar, é uma belezura que só vendo.

E não acaba ai não, vocês não imaginam, mas lá tem Deus com todo tipo de nome. E pra lhe agradecer esse lugar, maravilhoso, uns falam alto, outros baixos e sem esquecer dos que ficam em silencio e fora os que usam todo tipo de instrumento e cantoria, e também usam umas roupas coloridas cada uma mais bonita que a outra, um verdadeiro desfile de moda e tem aqueles que não usam nada, só o conhecimento.

Dá gosto de se ver e de ouvir, tanto jeito de agradecimento. Não vejo à hora de partir. To de mala feita e só Levo a sabedoria dos tempos, e quem sabe? Quando chegar eu possa ter sossego e ate mesmo ser amigo do rei. Passárgada! Aguarde-me, to chegando e adeus pra quem fica, ou melhor, vamos embora minha gente, lá tem lugar pra todo mundo.