Procurando o Infinito

-Não tem nada melhor no mundo do que está com você Lilia, neste lindo jardim florido, recebendo teus afagos...

-Não exagere Marcos, não é nada demais.

-Então não me ama deveras?

-Como pode pensar assim?

-Não minha flor, é apenas uma brincadeira, não leve a sério minhas loucuras. Lilia, qual o seu maior sonho?

-Você sabe meu bem!

-Não, não o sei.

-Meu sonho é ver um mundo pacífico, sem desigualdades sociais, educação, saúde...

-Posso dizer-te que o seu sonho também é o meu sonho.

-Marcos, não sonhe os sonhos dos outros. Por mais que me ame, não se prive dos seus desejos, não caminhe sempre em minha direção. Lembre-se da sua família, dos seus amigos. Escute meu bem – disse Lilia, pondo a cabeça de Marcos em seu colo para acalantá-lo – não podemos esquecer as primeiras pessoas que amamos na vida.

Lilia ensinava-o a dar valor as pessoas mais próximas, para não haver problemas futuros. Sabia o que dizia, porque viveu relacionamentos conturbados.

-Lilia – enfim disse marcos – prometa-me uma coisa?

-O quê?

-Que nunca irá me deixar.

-Vai depender de você – disse esbanjando um sorriso.

-Lilia, olhe aquelas aves.

-Que cena bonita!

Dois pardais alimentavam um filhote, que levantava graciosamente o bico. Seu corpinho era bem pobre de penas, mas tentava bater as asinhas assim mesmo.

A vida sempre nos proporciona momentos agradáveis, seja com a natureza ou o coração humano quando nos faz um ato digno de nobreza.

-Sabe Lilia, fico pensando todo o santo dia, como procurar o infinito.

-Como assim “procurar o infinito?”

-Queria apenas viver a vida sem problemas, fugir das obrigações. Poder levar você para um passeio eterno em pleno alto mar... Levá-la em meus braços graciosamente até a cama quando estiver cansada... Ou talvez passear pelo espaço, levá-la até as estrelas. Mas, teria pena de toda a beleza do céu, que desabaria com a tua presença entre as estrelas.

Lilia corou-se com os elogios rasgados.

-Marcos, isso seria como viajar no universo. Sabemos que é impossível! O infinito é como a vida que nos mantêm em contínua atividade. Mas, fiquei orgulhosa com suas doces palavras, faz meu coração bater mais suave. Obrigada.

Duas lágrimas desceram dos olhos de Lilia, desabando no rosto de Marcos.

-Não chore meu bem! Assim você me deixa preocupado. Sim minha querida, o espaço de tempo que vai do nascimento a morte, mas eu quero aproveitar esse espaço de tempo, porque a morte é a cessação da vida. Meu amor! Vamos fazer do nosso tempo de existência o “infinito”. Você merece muito mais.

Lilia abriu um sorriso, Marcos deu um beijo em sua mão.

O pôr-do-sol contemplava mar da Barra, que estava manso na ocasião. Gaivotas sobrevoam em direção ao sol que descia fraco para o fundo do oceano, migravam para outra região, o que é assustador, porque não havia mais arquipélagos. Essas procuravam o infinito, não importando as condições climáticas, iam auxiliadas pelas estrelas, que brilhavam intensamente naquela bela noite; o sol já estava dormindo, e a lua dava o ar da graça para contemplá-la.

Sanderson Vaz Dutra
Enviado por Sanderson Vaz Dutra em 27/11/2010
Reeditado em 28/11/2010
Código do texto: T2639189
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