A rosa de dois lados
Na casa de Jorge tudo acontecia da mesma maneira toda manhã.
- Ei Rosa, acorde que já são 8 horas, e tenho que ir trabalhar. - Dizia Jorge já correndo só de cueca para o banheiro.
- Já vou meu bem, mas espera só um pouco. - respodia a esposa descabelada e com remelas nos olhos.
- Não posso esperar não mulher e trate logo de levantar.
- Tá bom, já vou. A escrava já está de pé. - resmungou a mulher colocando a calcinha verde e rendada.
-Pare de reclamar mulher, pois foi você que quis casar comigo.
-Infelizmente você tem toda razão.
Depois daquela pequena briga matutina os dois foram tomar o café-da-manhã.
-Jorge, você quer ovos fritos ? - perguntou Rosa mandando beijos para o marido.
-Quero, mas tem que ser rápido. Eu já devia estar no trabalho há muito tempo. -falou Jorge enquanto lia o jornal sem olhar para a mulher.
-Zeca, acorde seu vadio. - Rosa chamou seu filho José Carlos.
-Já acordei mãe, e tô morrendo de fome. - falou o adolescente de 13 anos só de cueca na cozinha e de cabelos em pé.
-Vá lavar essa cara de vagabundo primeiro. - resmungou Jorge para seu único filho.
-Já tô indo Rosa. Vou trabalhar.Tchau filho.
-Papai tá com pressa de novo.
- E você também deveria porque está atrasado para a escola.- Rosa puxou a orelha do filho.
Jorge era dono de uma loja de material de construção e tinha se casado com Rosa à força porque ela estava grávida de Zeca.
Depois que o marido e o filho sairam Rosa ficou observando na janela até que sumissem. Ela correu para o telefone e discou rapidamente. Logo ouve uma resposta e ela disse: - Oi meu bem, está de pé o seu convite ? Então estou indo te encontrar. Beijo na sua boca.
Rosa estava traindo seu marido. Ela correu para o banheiro, tomou um banho rápido, colocou uma saia bem justa, seu melhor perfume e saiu. Meia hora depois Rosa estava entrando em um motel na companhia do objeto da traição dentro de um carro importado. Lá dentro do quarto ela ficou por duas horas e depois voltou sozinha para casa. Seu rosto revelava um sorriso de satisfação. Quando chegou em casa tomou outro banho, e colocou suas roupas do dia a dia. O filho chegou da escola e um pouco mais tarde o marido.
-Você saiu Rosa ? - perguntou Jorge.
-Não. Por quê ? Você pensa que sou uma vadia que fica na rua o dia inteiro ? - Disse de forma grosseira a mulher.
-Não querida, é que está um cheiro de perfume no seu corpo. Aquele perfume caro.
-Eu coloquei um pouco. E daí ?
-Nada amor, fique calma. - falou Jorge constrangido.
O dia se passou e outro chegou. Todos repetiram suas rotinas: Jorge foi para a loja, Zeca para a escola, e somente Rosa ficou em casa. Ficou até o telefone tocar e aceitar outra chamada para o motel.
-Você não vai poder me pegar na praça amor ? Tudo bem, eu vou de táxi hoje. Beijo. -disse Rosa toda radiante.
Rosa seguiu o mesmo ritual do dia anterior, e foi para o local do crime.Lá entrou e ficou por uma hora e meia, e novamente saiu sozinha indo para casa como se nada tivesse acontecido. E o filho e o marido chegaram em casa.
-Mãe tô com fome. -falou Zeca batendo nas panelas.
-Espera querido que a mãe já tá terminando o jantar.-deu um beijo no rosto do menino.
-Veja se hoje não deixa o arroz queimar.
-Cala a boca Jorge e aprende a ser homem para dar exemplo ao teu filho. -respondeu amarga a mulher.
Jorge não disse mais nada. E o jantar foi nesse clima de silêncio. Rosa foi dormir e Jorge e Zeca ficaram assistindo televisão. O garoto foi dormir e Jorge desligou a televisão. Foi ao banheiro e no chão encontrou um papel no chão.
-Que droga é essa ? Motel ? Será que ela tá me traindo ? Essa vagabunda vai ver só. - pensou alto o homem vermelho de raiva.
Jorge foi para o quarto e deitou ao lado de Rosa. Iria esperar o dia amanhecer tirar sua dúvida.
-O que foi homem ? Está com essa cara de otário. - falou Rosa rindo.
-Eu sou otário mesmo. -respondeu de forma seca o marido.
Jorge saiu para a loja e levou Zeca com ele de carona. Rosa agradeceu. Não demorou muito para telefonar e sair para mais um encontro libidinoso. Dessa vez foi para o parque que ficava do outro lado da cidade e lá estava o carro importado a lhe esperar. Ela não hesitou e logo entrou.
Jorge estava um pouco distante observando tudo e seguiu o carro. Em meia hora estavam em um motel em outra cidade. O carro com Rosa entrou no motel e Jorge estacionou do lado de fora numa calçada. Ele esperou se passar vinte minutos, os mais longos de sua vida e resolveu entrar atrás da mulher.
- Essa cadela me paga. Vagabunda.
Ele contou sua estória para o porteiro que lhe deixou subir depois de uma recompensa generosa. Ele aproximou-se devagar do quarto onde sua mulher o traia e ficou escutando o que acontecia lá dentro colando seu ouvido a porta.
- Ai meu bem, isso tira minha calcinha com a boca. Me morde toda. Me beija na boca, beija. - falava Rosa suplicante.
-Claro minha flor, vou provar que sou melhor que teu marido broxa. -falava com deboche o amante.
-Não vai mesmo, e ... . - Jorge nem terminou o que queria dizer. Ficou mudo. Sua mulher estava nua na cama, o que ele já esperava, mas do seu lado estava outra mulher, uma senhora de uns 60 anos e cabelos brancos. Jorge colocou a mão na boca e suou frio.
- Sua vadia, por que logo com uma mulher ? - perguntou o marido em lágrimas.
-Tua mulher gosta do negócio. -falou a senhora rindo.
-Cala a boca sua velha safada. Eu meter a porrada nas duas. -o homem estava babando de raiva.
-Jorge, saia meu bem e deixa a gente terminar o que começamos.
-Sua piranha, ainda tem corangem de falar assim comigo. -gritou o homem meio confuso com tudo.
-Olha aqui meu querido, ou você sai ou conto para toda a vizinhança e seus amigos babacas que você é corno. E corno de mulher. Já pensou que bomba ? -debochou a mulher passando a mão nos seios da amante.
Jorge saiu do quarto chorando e foi para casa. Jogou-se na cama e dormiu para tentar esquecer tudo ou fingir que foi somente um sonho louco. Será que ele era pior como homem do que aquela mulher ? - sua cabeça martelava essa idéia.
Os dias se passaram e tudo se normalizou, tanto que um ano depois ele levava a mulher para o motel no seu carro, e aproveitava para ficar sozinho com o marido da amante de Rosa, um senhor elegante e de cabelos grisalhos e engomados. Hoje eles vivem em plena harmonia, e até aceitam quando Zeca leva alguns de seus amigos de escola para "brincar de médico" em seu quarto.