Joana de Alagoinha - Casada por Uma Noite
Parecia que Joana nunca iria encontrar um homem que a quisesse. Era uma mulher um tanto grandalhona e meio desajeitada. Gostava de forró, e dançava com quem se dispusesse, mas não era de permitir intimidades. No entanto, num desses forrós ela conheceu Nildo, um rapaz tímido, roceiro, mas de boa família. Começaram a namorar, e tudo caminhava certo para os dois. Três meses depois de um namoro que mal passava do segurar as mãos e uns beijinhos, resolveram casar. Sem muita cerimônia, foi só o tempo de correrem as proclamas e se casaram. Cartório de manhã, Igreja de tarde, festa de noite. À meia noite o casal se retirou, festa acabou, os convidados foram embora, e parecia que começava aí mais uma rotineira vida de casal.
Manhã do dia seguinte, logo cedo, os pais do rapaz apareceram puxando a noiva pela mão em direção à casa do padre. A moça em prantos, o rapaz cabisbaixo. Foram atendidos pelo padre, conversaram qualquer coisa, e o grupo seguiu em direção à casa do Oficial do Cartório. A moça em prantos, o rapaz cabisbaixo. No caminho passaram na casa do delegado, que engrossou a comitiva. Chegaram à casa do Oficial do Cartório, conversaram um minuto, e seguiram em direção à casa dos pais da noiva. A moça já em pranto escandaloso, o rapaz ainda cabisbaixo.A essa altura eram seguidos por uma porção de meninos da cidade, sempre atentos às novidades e em busca de diversão.
Chegaram à casa dos pais da noiva, esta aprontando o maior berreiro. Os pais da moça atenderam, e as autoridades entraram juntamente com o casal. Um dos meninos habilmente se esgueirou pela cerca e se escondeu na cozinha. Pouco tempo depois saíram todos, a moça ficou. Ela havia sido devolvida para os pais, casamento desfeito. No dia seguinte, um caminhão encostou na casa, e a família toda, junto com as tralhas, seguiram em mudança para outra cidade.
Não demorou muito toda a cidade já sabia do motivo da confusão, primeiro pela boca dos meninos, depois pela das comadres. O menino que se escondera na cozinha ouviu toda a arenga, e contou para os demais:
- Joana de Alagoinha não era Joana… era João!