História da vida.

Escrevendo a minha história.

Minha alma estava seca, precisei me refugiar, retirar-me, estive ausente de mim mesmo e, para me encontrar foi preciso “soltar a caneta” por um determinado tempo.

Aprendi com o Neruda que diz: “Feche o livro e vá viver a vida”, pra que escrever se ha tanto tempo por viver a vida não mesmo?.

“O médico ferido cura melhor” a melhor história é aquela que vivemos, que podemos contá-la com clareza, pois fez sentido para nossa alma, umas das colunas anteriores, li uma história que chorei, escrita pelo nosso querido professor Jurandir, história de seu aluno Afrânio. Os anos passaram, porém não consegui apagar da memória do professor aquele aluno e sua história.

Amyr Klink escreveu: "Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver". O Amyr tem razão. É preciso viajar por si, com seus olhos. Do mesmo modo, é preciso viver as histórias, para ter alguma história pra contar.

Feliz o homem que tem consciência de estar escrevendo a mais bela história, a história da sua vida.

Construir nossa história é construir nossa vida, cada um de nós temos essa responsabilidade de construí-la ou reconstruí-la como disse Jesus:

"derruba este templo e eu o reconstruirei em três dias". As pessoas riram - "levou anos pra ser construído, como poderia reconstruir em três dias". Mas, o Mestre falava de seu próprio corpo, templo e casa do espírito. Seu corpo foi destruído e três dias depois, ressuscitou. Aliás, isto é um detalhe teológico: Jesus disse: "eu" o reconstruirei. É missão de cada um, ao menos daqueles que se sentem mortos, reconstruir-se, ressuscitar-se.

Conosco também é assim, precisamos abrir as gavetas de nossa existência e tirar os cacarecos, tirar os entulhos, limpar nosso quartinho onde moram as cobras os lagartos, escorpiões, aranhas e tantos outros e voltar a essência de nós mesmos. Como disse Jung: Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas quando tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana". Estou morando com Minha Alma. De forma humana, muito humana. Isso se chama individuação é o momento quando o ser entende que a transcendência, é superior ao material, ou seja: começamos a humanizar a desapegar desse mundo.

Novembro de 2010.J.F.A