Coisas de Velório...

Atualmente morando em cidade do interior do Piauí, constato que aqui se vive constantemente a participar de velórios,...aquela vigília que se faz a algum falecido esperando até a hora do enterro. Aqui quase todo mundo se conhece... não é como em cidades metropolitanas ou capitais em que as pessoas moram em apartamentos e nem se conhecem ou, no máximo dão entre si um cumprimento sem olhar no olho.

A oportunidade de relacionamento social é grande tanto em momentos de alegrias como em tristezas. Assim, há sempre convites para festas como para velórios, de familiares e de amigos. Mas não pára por aí, pois por parte do amigo, se é também de todos dos parentes deles. Assim, são quase dois a três sentinelas por semana. Não é exagero! O grande círculo da amizade é daquele tamanhão que não tem fim!!!

Os velórios são como “pontos de encontro”.Tem cafezinho ou chá com bolachinhas, biscoitos e petas,além de água mineral. Lá tem de tudo!Por lá tem de homens de bermuda e chinelo ao engravatado e de palitó. E as mulheres, seja de qualquer classe social, são sempre mais arrumadinhas de salto alto e bem pintadas. Mas pelo tipo do velório se percebe se o cara ou a cara é chegado a que categoria social e se é adepto ou não da caridade.

O contraditório se faz presente nas variadas cenas do recinto... é como um “encontro das diferenças”.Para um bom observador isso é o mais interessante!Logo no meio do salão fica o defunto ali estirado dentro do caixão que nos faz meditar sobre a morte e, os visitantes, num tal de entra e sai, com tanta vitalidade nos faz perceber que existe sim a vida.

Vejamos algumas outras facetas do encontro do contraditório:

- Bem próximo ao caixão, escuta-se o choro comovente da viúva e das pessoas mais ligadas ao defunto, e um pouco distante,a risada de um grupo que de longe fica pelas calçadas a ouvir anedotas de alguém metido a cômico...

-No início surge logo uma senhora representante da igreja católica ( padre agora é raro) que tira o terço e canta, convicta que em sua fé a alma do falecido vai logo para o céu, e, mais tarde, aparece uma entendida em espíritismo que vai logo querendo dar outra versão e explica que “ele”(o defunto)não morreu e está ali entre nós:...

-Sentadinho, em um banco, fica um senhor idoso, de olhos fixos no recém falecido pensando, com certeza ser o próximo “a viajar” e apresenta aspecto de preocupado e abatido, enquanto , por perto, em pé fica um jovem que nem se arrisca um olhar para o morto pois tem medo de enfrentar seus próprios pensamentos, pois pra ele prefere que a vida seja só curtição mesmo...

-No canto da sala uma outra senhora, com ar discreto, mas que sabe tudo da vida do falecido, faz de conta que não vê quando entra uma sirigaita que já é comentada pela sociedade como “a outra” do pobre que ali está estendido ...

Aí começa o “disse me disse” que se alastra no meio da multidão e começa o favoritismo entre os presentes que se dividem em opiniões , contra e a favor do caso amoroso.Já está quase na hora da saída do caixão

quando entra a dona do cartório e fala com intimidade com a “segunda”...foi o bastante para a conclusão chegar a cabeça de cada curioso e fofoqueiro...

O certo mesmo é que todos queriam saber se o falecido havia ou não amparado a sua “amada amante” deixando-a com uma das suas duas casas.Incrível mesmo, você não acha essa história do comportamento dos presentes a um velório?! E que curiosidade, hein?! E você também quer é saber a verdade?

Ah...Ah...Ah...Eu também não vou dizer..Já pensou se ele me visita essa noite?!Prefiro mesmo guardar o segredo e deixar a sua alma em paz!

yedamsm
Enviado por yedamsm em 02/11/2010
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