Corto Cabelo e Pinto
Talvez ela fosse Dalila, que tirava o poder das pessoas com a tesoura. Em outro caso, ela era apenas uma péssima cabeleireira, e seu nome era Agenor, tanto faz esse fato, tão pouco importa seus quadris de dimensões exageradas ou os curativos na ponta dos dedos. A existência já bastava. E quando se basta, lembra-se de ser bastarda. Filha de um João Ninguém e de uma Lavadeira q apertava os olhos para tapear os clientes como oriental. Orientada por poucos livros e muitas revistas femininas, decorou as formas da vagina, supondo as sete zonas erógenas que deveria ter da cavidade até os grandes lábios.
A atração de suas noites eram os dedos peregrinos, que abriam suas pernas e massageavam o clitóris, infantilizados com o apelido de Amêndoas. As pontas dos dedos cafajestes apertavam os mamilos e se escondiam na cova úmida e se deixavam perder horas no ânus e horas na Alcova do pênis imaginário, e quando os solavancos vinham como convulsão, as pernas dormiam e todo o sangue subia na cabeça, conseguia a certeza do sono merecido, e repousava entre os lençóis molhados.
Tanta coisa nova pra provar, quantos pintos novos para devorar. Orgasmo só era orgasmo, caso os fossem diários. Com dedo, chuveirinho, ponta da escova ou pepino chinês, morria com os espasmos da gozada e acordava renovada para o trabalho do dia seguinte.
Agenor era decidida em seus cortes, e baixava guarda apenas para os cabelos de grande volume e encaracolados, pois lembravam sempre os pentelhos de um belo caralho. Recolhia as mechas do chão e os chumaços levava para casa. Cabeleiras ruivas, loiras, castanhas, pretas ou pixains queimados de sol.
Atribuía tanta libertinagem ao nome de homem que a mãe lhe dera, mas sabia muito bem que o desejo era maior do que o verbal era físico e vital.
Dizer que seus impulsos começaram naquele sábado, seria uma grande mentira, mas dizer que a esquisitice a tomou de vez em tal data, isso seria inevitável. Já aproximava das Nove da noite quando bateram em seu salão, medo de tarados ela não tinha, na verdade eles eram até uma esperança de companhia, abriu e pode ver um homem alto, alto o suficiente para se curvar no batente da porta. Cabelos cacheados, negros, deliciosamente grandes. Pediu para q sentasse e jogou a toalha surrada do dia sobre suas costas, varreu em volta para certificar-se q o cabelo dele seria exclusivo no chão e começou borrifar água por toda cabeleira.
Estava em um transe sensual, encostava com a ponta das tesouras no queixo do rapaz ordenando os movimentos para melhor corte, molhava-se toda com a obediência.
Percebeu gemidos curtos q não se continham na boca, sem graça sorriu e desculpou-se. O moço aceitou a desculpa, coma condição que ela cortasse “esse” cabelo, mostrou-o púbis q envolvia um pênis grande e ereto. Não se fez de pudica e cara a cara com o membro passava a tesoura. Em silêncio contemplava aquele pau duro na sua frente, e mais do q imaginar dentro de si, via o quanto era belo, grande e grosso.
Tanto quanto o pinto, sua boca salivava com vontade. Sentia na sua cabeça, a necessidade impar de ter o pau para si, e com esse pensamento insano, cortou o caralho q inocentemente babava de tesão. Em suas mãos o pênis q diminuiu de tamanho jazia. E a palidez do homem desmaiado na cadeira a assustava, porém não havia modo de reverter o q já aconteceu, então arrastou para fora o homem desanimado e o abandonou na esquina mais próxima, fechou o salão e deixou os afazeres de limpeza para o dia seguinte. Conseguiu um pênis como troféu, e de outros iria tomar para companhia deste primeiro. E como ninguém nunca veio pedir de volta, ela se masturbava todos as noites em volta deles, com a certeza q de homem algum precisaria, até o fim de sua vida.