A volta

Ver a figura de Angelina depois de tantos anos, foi, antes de tudo, libertador. Àquela que representou a vida para Anacleto, em prosas, versos e experiências, depois de cinco anos de desaparecimento documentado por uma frase escrita num papel qualquer: "O coração tem caminhos que não posso explicar", agora estava alí, parada na porta, em silencio.

Não pediu para ir com o caminhoneiro, fato que o marido soube em comentários, também não pediu pra voltar.

Anacleto tentava arrumar os pensamentos, mas não conseguia.

Sentia o alívio de algo que não sabia explicar, já que as algemas das duvidas que chicoteavam sua alma, naquele momento perdiam a força de castigar.

Só que não queria ouvir explicações. Queria sim, viver o momento, mas não reviver Angelina.

Não houve diálogo. Só olhares.

Sem nada ouvir, nem falar, Angelina virou-se e foi, desta vez para nunca mais.