O LANCHE
-Alô, Lena! Estou ligando para te convidar para vir lanchar aqui em casa.
-Que bom, Irani! Que horas será o lanche?
-Agora.
-A-g-o-r-a?!
-É. Por quê?
-Por nada. Obrigada pelo convite.
-Traga o mano e as crianças, também.
-Claro!
-Até logo. Estou esperando por vocês.
A dona de casa desligou o telefone e foi preparar uma talagada de bicarbonato com limão, pensando:
-Êta trem, sô! Acabei de jantar agorinha mesmo. Entrei no ovo frito, linguiça, arroz, feijão e farinha. Mas eu vou de qualquer jeito. Essa minha cunhada cozinha tão bem! Faz cada coisa gostosa! Eu é que não vou perder.
Em seguida, ela chamou o marido:
-Vamos, Chico; sua irmã está nos esperando.
-Eu e os meninos estamos prontos.
-Então, vamos para o ponto.
-Mamãe, já vem o nosso ônibus.
-Subam na frente. Ai, Chico, estou passando mal! Parece que comi um boi inteiro! Olha como o meu estômago está alto.
-Você quer voltar para casa?
-Eu hein! E o lanche?
-De repente, com o sacolejar do ônibus, você até sara.
-Será? Escuta a minha barriga. É puro gás e não sai para lado nenhum. Tranquei a vida, como canta aquele rapaz bonito.
-Mamãe, olha o Luiz me batendo!
-É mentira dele, mãe. Só estou brincando.
-Parem com isso. Não estão vendo que a mãe de vocês está passando mal?
-O que a senhora tem, mãe?
-Não é nada, Niltinho. Ai meu bem, que dor na barriga! Acho que vou explodir de tantos gases!
-Já estamos chegando, Lena. Aguenta mais um pouquinho.
-Ih, Luiz, a mamãe não vai poder lanchar na casa da titia.
-É mesmo. Coitadinha dela, né?
Ao chegarem.
-Que bom que vocês vieram! Entrem. Está tudo bem com vocês?
-Tudo óóóóóóóóótimoooooooooo...
-Vixi! Está mal?
-Agora não. Melhorei depois deste arrôtão, graças a Deus.
Cadê o lanche?