Coisas do interior caipira III (miniconto)
Tonico sempre trabalhou para o coronel Firmino, donos de terras a perder de vista, muquirana igual não se encontra em toda a região. Faz o empregado tirar o leite das vacas e ele mesmo fica inspecionando para ver se Tonico não bebe o leite.
“Tonico leve a charrete com os latões de leite lá perto do ribeirão.”
O empregado curioso pergunta ao patrão:
“Ué..., qui tá contecendo lá pelos arredor do ribeirão?”
“Num é dá sua conta faça o que eu lhe pedi e depois volte correndo para a sede da fazenda”.
O matuto cumpriu as ordens do fazendeiro.
Firmino espera o empregado voltar, então, encaminha para a carroça abre uma por uma das tampas dos latões tira uma caneca de leite e troca por uma de água do ribeirão. Deste modo aumentam de 18 para 20 os latões agora batizados com água.
Tonico encaminha para a cidade para vender o leite. Entrega os latões para o comprador e fica esperando sentado na calçada, enquanto, a inspeção é feita.
“Tonico venha cá.”
“Sim sinhô”!
“Veja, o que tem neste latão aqui? Como é que isto foi parar aí?”
O pobre do caipira olha e se assusta com os guaruzinhos nadando no leite.
“Explica pra mim como é que estes peixes foram parar aí?”
Tonico coça a barbicha rala, coça a carapinha e saí com essa:
“Pois é, obra du seu Firmino qui pidiu pra eu levá a carroça cus leite pra perto do ribeirão, vá vê qui os guaruzinho se sustaram ao iscutá o relincho do burro e pularam dentro du leite! Só podi sê isso o acontecido”!