fome de justiça

Ele passava pela rua de nossa casa todos os dias sempre naquele mesmo horário, entre as onze e doze horas do dia, algumas vezes minha mãe ainda estava atravancada na máquina com tanta costura.

Apesar dos traços de loucura que carregava o sujeito sai nas primeiras horas do dia rumo à rampa do mercado a procura de algum bico para fazer, e se ganhava algum dinheirinho deveria ser para alimentar o vício do alcoolismo.

Mamãe sempre no suado oficio da costura dia e noite para sustentar todos os filhos que não eram poucos, como fazia muito calor ela armava sua surrada máquina ali mesmo no pátio.

Mas exatamente naquele horário era infalível passava o sujeitinho ali pela frente falando muitas abobrinhas*

Naquele dia aproximou-se mal humorado e foi logo perguntando:- mamãe me arruma um prato feito?(quando ele queria algum alimento chamava de mãe para a mulher que fosse lhe atender)

Então mamãe respondeu tranqüilamente, - O almoço ainda não está pronto, tenta mais tarde.

O conhecido tomou como grave agressão àquela resposta e retrucou.

- Tem muita gente preversa nesse mundo, a gente ta vendo a panela frevê e os bacanas estão enganando pra gente que não tem refeição pronta ainda, e seguiu o andarilho sob o quente sOl do norte a procura de outras almas caridosas que saciassem a sua fome de justiça!