Coisas do interior caipira II (miniconto)

Marconi vinha da capital para pescar no Rio de Piracicaba. Anos 70, o rio guarda um pouco da sua piscosidade. Leva junto o seu compadre Celso, um pescador inveterado e contador de causos.

“Veja compadre trouxe uma vara de molinete prá lá de moderna. Último tipo em arsenal para a pescaria. Diria que é o Maverick das varas.”

“Mave, o quê?!”

“Maverick é um carro da Ford com motor 6cc, automático, movido a gasolina! É o último tipo em automóvel.”

“Ah! Um artomóver!”

O paulistano coloca minhoca no anzol e dispara a vara de molinete, quase na outra margem do rio. Compadre Celso, com sua varinha de bambu coloca a minhoca no anzol e joga perto do barranco.

Zimmmmmmmmmmmmmmmm! Lá vai a vara modernosa do outro lado do rio. Volta sempre vazia.

Enquanto isto, compadre Celso vai tirando seus peixes do anzol. Curimbatá, dourado, pintado, mandi, lambari...

Zimzum! A vara de molinete estanca, de repente! Ficou enroscada. Olham para trás e se assustam com o fato!

A vara tinha pescado um caipira. Enroscou o anzól no coro cabeleudo do homem. O senhor se encontrava acocorocado no barranco olhando a novidade.

“Pois é, cumpadre si eu conta vão aduvidá de mim, achá que é um carso, mais o seu artómóver, úrtimo tipo não serve pra pescá pexe , serve pra mor de pesca gente pelo cucurutu!