E agora José?
Tinha tudo para ser mais uma manhã de segunda-feira do mês de junho, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Porém, a vida não segue escripts e a cena que reportamos tem como cenário a pequena, e movimentada, Rua do Ouvidor. Um homem, mais ou menos 45 anos, desalinhado, barba por fazer e uma pressa danada de chegar. Era simplesmente José, que andava em passos largos sem destino certo. Sentia o frio de um vento de inverno. Os pensamentos agiam como agulhas na carne. Doía a alma. Doía a existência. A vida nos últimos anos, teve uma seqüência de acontecimentos que esgotaram sua mente, porém uma, entre tantas, tinha um gosto especial, só que de fel: a ingratidão de Cristina.
Logo Cristina, companheira de tantos anos: namorada, noiva, esposa e mãe dos filhos.
Logo Cristina, que viveu os melhores anos de José. Sim, já que o nosso, hoje, desesperado já foi o bom partido, principalmente pelo emprego como engenheiro na maior pretrolifica da região, isso nos idos dos anos 90. José podia tudo que um gordo salário podia: um carrão, mais um apartamento, mais uma conta bancária com direito a cheque especial, mais um cartão de crédito e compras, compras e compras. Voltando a Cristina, ela foi a escolhida, entre tantas outras.
Tudo certinho, casamento com direito a festa, abraços e lua de mel. Uma casa ampla e muito bem montada aninhou o novo casal e a vida seguiu.
Depois de dois anos, veio o primogênito, Julio. Mais dois anos, chegou Ana Lúcia.
Assim no compasso da vida, não demorou até vir a primeira lambada: O desemprego. Num primeiro momento, a preocupação, mas aí veio a gorda indenização que "seguraria" até o próximo emprego.
Promessas não faltaram.
Currículo pra cá, currículo pra lá e... a vida seguiu.
Com o tempo, e a demora, alguns itens começaram a faltar: Já não jantavam fora toda semana; as compras foram limitadas ao necessário e coisas importantíssimas para esposa, como o gasto com roupas por exemplo, foram definitivamente cortadas do orçamento.
Os amigos? bem, estes se foram, juntamente com os convites...ou seria o contrário? deixa pra lá...
O fato é que o tempo passou e José não conseguiu nada além do emprego num escritório, com um salário que só cobria as despesas necessárias. e aí, Cristina, há... a doce Cristina, sucumbiu... afinal ninguém é de ferro, Cristina não agüentou a venda do último bem dos tempos de fartura: o Carro. E quando José chegou na tarde de ontem, domingo, com um chevete 78, e um sorriso do tipo "tudo bem", Cristina simplesmente arrumou as coisas e se foi, deixando os filhos.
É, amigo leitor, você que vem acompanhando o drama de José, que final daria pra história dele?
Te aguardo!!!!