Esperando o ônibus

Eram umas nove e meia ou no máximo umas dez horas, não sei direito, estava no ponto esperando meu ônibus. Você sabe que antes o que demora cinco a dez minutos, no domingo demora uma meia hora. Não estava contente, não gosto muito de esperar, um breu lascado, as lâmpadas dos postes estavam quase todas queimadas, passava pouco carro, aquela região não era lá muito segura. Nessas horas a cidade parece à cidade fantasma, um pouco irritado com aquela situação, queria minha cama, o uísque e a minha garota que até aquele momento não sabia quem era.

Não sei o porquê sai de casa nessa manhã, ela estava nublada e abafada. Aqui incrivelmente não chove, nem um ventinho qualquer, é realmente um cu, um buraco, um deserto. Sai porque um amigo precisava de mim, mas precisamente de minha força. Queria que eu o ajudasse na sua mudança, eu por ser um bom samaritano o ajudei, de manhã e de tarde subindo e descendo escadas, suando como um porco torci meu tornozelo e deixei um abajur cair sobre meu colo. Tirando as adversidades foi até divertido. Depois do trabalho fomos comer numa lanchonete, onde, diga-se de passagem, a comida lá não é muito agradável, por isso não ingeri quase nada. Fiquei olhando o bairro em que ele se mudara o meu amigo, era simples e tinha aquele clima de bairro antigo em que as pessoas ainda sentavam-se na calçada e conversavam a noite toda, os vizinhos se conheciam e não moravam numa prisão. Depois do lanche voltamos ao apartamento, queria tomar um banho para assistir o tradicional jogo de domingo, o brasileiro não sabe viver sem do futebol do primeiro dia da semana. Depois de um tempo percebi que estava faltando alguma coisa, ah claro, a cervejinha, futebol e cerveja, a combinação perfeita. O jogo acabou,a cerveja idem, fomos para o bar, ficamos não sei quanto tempo lá, estava ficando tarde para voltar para casa, tinha que pegar dois ônibus, tarefa ardil. Levantei da cadeira, paguei minha parte, dei adeus ao meu amigo, ele me disse que devia uma, devia mesmo, fui embora.

Não sei quanto tempo esperei o busão naquela rua escura. Sei que uma hora ele chegou, antes tarde do que nunca, estava quase vazio. Tinha dois rapazes sentados no fundo, não prestei muita atenção neles, tinha uma senhora um pouco magras demais sentadas perto do cobrador estavam conversando, e uma senhorita muito linda sentada perto da porta do meio, fiquei seriamente encantado, se eu soubesse chegar numa mulher, acho que combinaríamos, pelo jeito que ela se vestia, uma personalidade que eu julgava perfeita para mim. Não fiquei encarando com medo que ela se sentisse intimidada, nesse mundo cheio de tarados, não dá para confiar em ninguém. Quando terminei de checar geral a cena em que estava, me desliguei, queria minha cama, a viagem seria um pouco longa, queria terminar tudo isso, se eu soubesse que não terminaria tão cedo. Quando desci do ônibus teria que andar um belo pedaço de chão, nunca tive problemas nessa área, considerava a minha área, porém tudo tem a primeira vez. Na metade do caminho, andando distraído, uma “moça” mexeu comigo, não dei moral, continuei o caminho, ela me seguiu, com o tempo começou a falar grosso, certamente estava drogada, comecei a andar rápido, ela correu, me pegou pelo pescoço e começou a me bater, tentei me defender, era uma moça muito forte, musculosa, apanhei feio, depois de se divertir comigo, ela correu, foi embora, me deixou ali sozinho estirado no chão, todo quebrado e sujo de sangue.

Henhippe
Enviado por Henhippe em 28/09/2010
Código do texto: T2525558
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