O cego que via mas não enxergava
Certo dia um empresário, casado, um casal de filhos, porém ainda jovem com seus 35 anos, ia de volta pra casa depois de um cansativo dia de trabalho.
Estressado ele ia em seu carro, do ano, pois o trânsito estava um caos, resmungava, xingava, esbravejava.
Naquela lentidão do trânsito seu carro parou de frente a um banco de jardim onde se encontrava um homem que aparentava mais idade do que realmente tinha. Então ele reparou um pouco mais naquele homem, maltrapilho, que não estava nem um pouco estressado, aliás, até sorria e ele achou até um bobo porque ria à toa ou ria daqueles que estavam presos naquele caos do trânsito.
Reparou um pouco mais naquele’ sem futuro’, ele pensou, e viu que usava um óculos escuro, talvez pra esconder os olhos vermelhos de cachaceiro, pensou novamente, ou coisa pior.
Ainda pensava ‘porque não vai trabalhar esse sujeito ao invés de ficar ai parado?’
Foi ai que olhando mais ao lado, do homem e do banco, viu que tinha um cartaz, mal escrito, porque nem conseguia ler direito, mas com um pouco de esforço leu a seguinte frase:
“Por favor, ajude-me com uma esmola, pois há tempos já não posso mais admirar a beleza da primavera neste jardim”
Foi ai que o jovem empresário, em seu carro do ano, parado naquele trânsito, mas com ar condicionado, percebeu que se tratava de um cego e a frase lhe chamou a atenção, pois ele não sendo cego também há muito tempo não admirava a beleza da primavera naquele jardim.
Foi ai que olhou ao redor e viu as flores coloridas, as árvores majestosas e revestidas, crianças a brincar com seus pais no parque que ali se encontrava, jovens na quadra jogando futebol, o pequeno lago no centro com alguns patinhos, os pássaros que faziam sua revoada naquele fim de tarde. Percebeu que andava demais ocupado e que se esquecera de toda essa beleza e de trazer seus filhos para juntos se divertirem, de fazer um pique nique na grama verde juntamente com sua bela e jovem esposa.
Estava ocupado demais e aquele homem cego, apesar de não enxergar nada, percebia que o jardim estava em festa, o jovem empresário viu que estava mais cego que o próprio cego...