Na estrada, peguei uma cor.

"Vive bem quem tem um bom motivo para morrer e livre é aquele que consegue escolher suas próprias amarras", disse-me o Doutor. "Talvez a gente passe a vida inteira procurando motivos e amarras", prosseguiu ele, "só para conseguir morrer em paz. Você não concorda?".

Respondi que outrora eu contava com muitos e bons motivos para amarras, mas o descrédito acumulado os foi matando aos poucos. Disse também que o vazio que ficou justificava a minha presença ali no consultório e que esse vazio vinha me engolindo, não à vista, mas à prestação, tipo Casas Bahia. Aproveitei também para dizer que era difícil manter a ideologia depois de perder a ingenuidade.

"Você não pode pendurar a chuteira", continuou. "A idéia é ser feliz apesar de tudo. Isso não é fácil, eu sei. Mas, poxa, não é assim tão difícil, principalmente para pessoas como você. Você tem recursos para sair dessa. E não venha me dizer que sente depressão, porque melancolia é uma coisa e depressão é outra". Fez uma pausa, tamborilou os dedos na mesa e, mais calmo, completou. "Um dia você me disse que perdeu a fé no homem, passou a sentir medo das pessoas e que a grossa maioria delas sofria da mais profunda e institucionalizada hipocrisia. Disse que a modernidade era falsa, pois capitalizava a cegueira e lucrava com as neuroses. E olha, eu concordo com você em gênero, número e grau, mas estou aqui, clinicando, ajudando as pessoas e tudo o mais. Será que é só por dinheiro? Ah, não é não, mas não é mesmo. Eu gosto muito do que eu faço. Essas são as minhas amarras e sou capaz de morrer fazendo isso ou por isso. Eu separo o joio do trigo. E você, por que não faz o mesmo? É claro que confia em mim, senão não estaria vindo há tanto tempo. O que eu sou para você, Doutor joio ou Doutor trigo? Entendeu aonde eu quero chegar? Que tal generalizar menos. Que tal viver mais em função do lado positivo de todas as coisas".

Disse a ele que eu vinha fazendo isso, generalizar menos, caso contrário nem sairia de casa. Viveria o estilo delivery. No entanto, eu até que vinha me esforçando para manter um mínimo de sociabilidade. Quis deixar claro que eu não era um misantropo convicto, mas não podia ignorar o fato de que, na contabilidade íntima dos meus 54 anos, a quantidade de joio esmagava a do trigo.

"Nosso tempo acabou", disse sem ser rude, "mas temos a outra sessão e a outra e quantas forem necessárias, pois o assunto é vasto. Porém, quero fazer um pedido especial para a próxima, como se fosse uma espécie de lição de casa. Quero que você me traga três trigos e nenhum joio. Esses trigos podem ser pessoas, coisas, idéias, ou seja lá o que for. Fica a seu critério, ok? Eu vou tentar mostrar a você que... não, cada coisa a seu tempo. Vamos deixar isso para a próxima sessão."

Não consegui disfarçar a frustração em não poder continuar a conversa ali mesmo. A expectativa criada, no entanto, acalmou minha ansiedade. Pode parecer ridículo, mas adoro desafios. Eles não me deixam nervoso, muito pelo contrário, me acalmam. Os que dependem apenas de mim me acalmam, quanto aos outros não. Aqueles que, para serem vencidos, dependem de algum aval externo, me tiram do sério, pois não gosto de ser julgado e muito menos ver meu comportamento ser medido numa escala de 1 a 10.

Peguei um dos elevadores do andar. "Desce", me disse a ascensorista. Era só eu e ela naquele cubículo, um elevador velho e moroso. Quebrei o silêncio dizendo que, embora ela fosse ascensorista, também sabia descer. Hehehe... ri meio sem graça. Ela tinha que entender a piada, já que ascensorista deveria só ascender. De troco recebi um sorriso curto e seco, desses que parecem feitos de plástico. Ela não deve ter gostado da brincadeira, ou não entendeu, ou estava de mau humor, ou sei lá, talvez estivesse naqueles dias. Não importa bobão, vai cuidar da sua vida, disse aos meus botões.

Sai para a rua pensando naquela frase do doutor: "nosso tempo acabou". Com isso, sei lá por que, me veio à mente um turbilhão de coisas, entre elas aquela música do Pink Floyd, "Time". E outra, "Resposta ao Tempo", que a Nana Caimi canta tão bem. Há meses vinha tendo essa mania de fazer relações imediatas de músicas com temas que me apareciam na frente por acaso. Lembrei também, de um livro que li, que contava a história de um garoto que ganhou um relógio de pulso do pai. O conto descreve a obsessão do garoto em cuidar do relógio para poupá-lo de prováveis danos, levando o leitor a crer que o relógio é que ganhou um garoto de presente.

Ainda embalado nesse turbilhão, lembrei de uma gostosa conversa com minha irmã no verão do ano passado. Falávamos sobre frutos da ciência que, uma vez elaborados, trouxeram muita ansiedade a todos nós. A lâmpada, por exemplo, que aumenta para 24 horas a parte útil do dia, como se o período de sono fosse apenas um detalhe desprezível. Ora, diriam, se quiser dormir, apague a luz. Concluímos rindo que apagar a lâmpada era fácil. O problema era convencer a culpa a nos deixar dormir depois. E o relógio? Ah, esse é talvez o maior de todos os vilões da modernidade. Damos-nos de presente a ele a todo o momento, aceitando sua constante e eterna cobrança. É fácil concluir que o relógio não surgiu apenas para medir o tempo, mas sim para introduzir um novo tempo: aquele no qual tudo passaria a ser medido. Afinal, seria difícil imaginar capitalismo sem relógio. Enquanto o burguês usa o da marca "mais valia", o operário procura modelos que o desfavoreçam o menos possível, já que o desfavorecimento é inevitável. Seria impossível ao capitalismo um relógio que agradasse a ambos, uns modelos impessoais, exatos e incorruptíveis que apenas e tão somente marcassem as horas. Teríamos que mudar de regime para usá-los. Mas como a mudança a nível global, é praticamente impossível, talvez a gente pudesse adotar uma espécie de socialismo pessoal. Isso porque ele é viável e muitas vezes imprescindível na sobrevivência. Seria algo como levar a vida mais sendo do que tendo, tal qual Erich Fromm, ou se preocupando menos em vigiar e punir como em Foucault, ou acreditando mais em coisas sólidas para não vê-las desmanchar no ar como em Berman, ou evitar os extremos como em Hobsbawm e a incerteza em Galbraith ou, ainda, entender melhor nossos defeitos através da história como em Uberman, ou os nossos genes como em Dawkins e, também, nossa falta de peso em Kundera, ou os motivos biológicos de nosso ódio em Dolzier, a origem da melancolia em Scliar e a guerra que praticamos contra os fracos em Black. Depois de tudo isso, que ainda é pouco, talvez alguns de nós cheguemos à conclusão de que é quase um milagre ainda estarmos vivos e que a consciência desse milagre acabe servindo como combustível para novas e esperançosas soluções. E como pano de fundo para essa caminhada espiritual, propus a mim mesmo a lembrança de uma música suave, talvez "Fromm the begining" do Emerson, Lake and Palmer, ou "Vitrines" do Chico Buarque de Holanda.

Optei pela última: "Eu te vejo sumir por aí. Te avisei que a cidade era um vão..." Foi assim que eu sai do elevador e ganhei a rua.

Assim que sai, me vi novamente flutuando em meio àquela multidão indiferente. Esse tipo de coisa sempre me acontece, quando venho a São Paulo. É uma sensação que une prazer com aflição. Prazer porque flutuar sobre algo melhora a visão que temos sobre ele. Aflição, porque o que me sustenta lá em cima e sozinho é a mesma força que me falta lá embaixo e em grupo: o envolvimento. Eu me envolvo mais facilmente comigo mesmo e, por isso, me protejo lá no alto. Na multidão, sou como aqueles três macacos: não ouço, não vejo e não falo. Eu não era assim, mas com o tempo, acabei ficando. E foi esse "acabei ficando" que me perturbou o suficiente a ponto de eu querer mudar de cidade. A agitação da metrópole, presenças que eu queria esquecer ausências que eu quis lembrar, enfim, não sei. Embora não tivesse claro em minha mente o motivo principal, se é que havia um, a mudança para o interior, regada por uma vida simples, era uma expectativa que me fazia bem. Por medo, no entanto, não quis me afastar demais. Afinal, 35 anos de São Paulo ainda correm nas minhas veias. Saindo de casa com meu carro, em cerca de uma hora e meia, eu chego à cidade grande. É um ritual para mim. Gosto de voltar para esse lugar no qual eu vivi minhas maiores e melhores oportunidades, bem como, minhas grandes perdas e piores danos. Mas hoje tudo soa diferente. Seletivo, vou apenas aonde convém. Lugares que, como numa foto bem tirada, traduzam de imediato os motivos que me fizeram voltar ali. A Praça do Por do Sol no Alto de Pinheiros –"Mô, eu estou grávida"-, onde ela me disse aquilo que mudaria por completo a idéia que eu fazia de mim mesmo; a estátua do Fernão Dias no pátio da escola – "Mas não era o sistema que estava encostado no poste, porra !!. Era o cara", - sob a qual o Paulo, que havia perdido uma prova de matemática por ajudar um senhor pobre e doente encostado num poste fora do colégio, tentava convencer o Edu de que, embora a sociedade fosse a culpada por estas cenas do dia a dia, não dava para ficar indiferente; aquele delicioso hambúrguer do Bar Avenida – "Se você sentar no fundo do ônibus durante muito tempo, vai acabar achando que seu lugar é lá", onde a Talita me citou uma frase que a havia impressionado muito num filme. Voltar a esses lugares é como abrir e folhear um álbum que foi capaz de reter, com suas fotos planas e retangulares, as infinitas e sutis curvas de cada momento. É jogar uma pedra num lago e aguçar os sentidos para as ondas que aparecem logo depois. Creio que essas ondas é que me fazem flutuar, quando venho a São Paulo. Tentei me mudar a tempo da crueza do lugar não massacrar, como vinha fazendo, a parte boa das lembranças. Como disse o Caetano Veloso, "a gente aprende depressa a chamar-te de realidade". Mas era muita realidade para o meu gosto.

Os por quês da vida são importantes, mas as conseqüências é que me fascinam. Elas dão movimento à alma. Fazem-na ir e vir numa espécie de dança, testando seus limites para aceitá-los, estagnando-se, ou não, crescendo e fabricando novos momentos. Essa atividade fabril da alma é que permite seu crescimento. Fabricar momentos é sua razão de ser. Ela os faz para ser e é, quando eles são. Falando nisso, acabo de me lembrar de um filme, "Blade Runner": o caçador de andróides. Fotos de supostos amigos e parentes eram misturadas nos pertences das réplicas humanas, só para lhes sugerir momentos do passado, quando enviadas a suas missões. O passado forjado lhes dava mais segurança e vigor para os seus seis curtos anos de vida. Quero dizer que, por várias vezes a conseqüência, sentir-se bem, supera a causa, as fotos em importância e magnitude. No universo das emoções humanas, o sentir-se bem fica, enquanto as fotos podem se perder. Mesmo porque as conseqüências, gerando outras tantas, serão as causas destas últimas. E, assim, é fácil perceber que o conjunto é muito mais valioso que as suas partes. Talvez a sutileza da conseqüência impressione menos que a contundência da causa, mas só por algum tempo, pois a causa é fria e científica, enquanto a conseqüência é humana e quente. O que é sutil age por período de tempo bem maior, deixa marcas mais profunda e nos muda célula a célula, uma por uma, não acionando nenhum alarme, nenhuma resistência significativa.

Cheguei ao estacionamento, liguei o carro e parti para a estrada. O quanto antes chegasse nela melhor. Dirigir sempre me fez bem. Parei na Ayrton Senna para tirar uma foto do por do sol, tomei um café expresso numa lanchonete e, mais alguns minutos, já podia perceber a silhueta do meu bairro e a inconfundível característica de suas casas. São moradias típicas de classe média baixa: humildes e muitas vezes inacabadas. O que chama a atenção são os carros novos e bem cuidados em garagens feias, cruas e, no mais das vezes, de alvenaria e grades, sem plantas, mas com, no mínimo, um cão. Quem passa na minha rua dentro de um carro, sem muita pressa, como a primeira vez que aqui estive, vai facilmente perceber porque me apaixonei pela minha casa. Ela exala acolhimento e bem estar. O pé de limão no jardim da frente com suas várias epífitas disputando a luz. A palmeira ladeada pelas samambaias. Lírios e fícus misturando suas folhas com uma azaléia e uma dracena. Tudo harmonizando com o tijolo exposto da fachada que, com a grade verde escura e o portão marrom, fazem um bonito conjunto.

Assim que cheguei, botei uma água no fogo e fui ligar o chuveiro, um hábito que culmina com uma bela xícara de café para ser tomada nem antes, nem depois do banho, mas durante o mesmo. Um bom café, somado a uma gostosa água quente correndo pelo corpo, não apenas soma os prazeres, mas os amplifica. E, não tenho dúvida, muitas das brilhantes idéias que temos surgem desses atos de amplificação. Nesses momentos nossa sensorialidade parece abrir novos canais. Como se nossos neurônios, criando novas sinapses, aumentassem em muito a visão que temos sobre um problema, um fato, uma circunstância, um joio, um trigo, ou seja, lá o que for.

O banho bem tomado me deixou sonolento, mas insisti um pouco na vigília, só para pensar mais um pouco em joios e trigos.

Fui até o telefone, talvez houvesse algum recado e tinha: "Pai, sou eu". Só liguei para dar um oi. Ligo amanhã. "Te amo". Era o César, já está com 18 e vive com a mãe, em outra cidade. Eu costumo pedir aos meus filhos que deixem recado, quando não me encontram, para que eu, sabendo, retorne logo a ligação. Mas não é só por isso. Costumo guardar algumas gravações no aparelho e as ouço mais tarde, quando bate a saudade. Pena que eles prefiram os e-mails.

A manhã seguinte anunciou um belo dia. Fiz um café, comi alguma coisa e fui até o jardim dar uma olhada nas plantas. O fícus havia crescido muito e por estar meio escondido atrás do pé de limão, eu não havia notado. Gostei de ver a muda de pitanga, vingou e floresceu. Tão pequena e já formosa daquele jeito.

Resolvi aproveitar o dia na renovação da pintura dos muros laterais e da parte interna da garagem. Um tom de palha ia cair bem ali no lugar daquele branco já meio cansado. Eu estava de férias. Precisava me ocupar. Fui até o centro, na loja do seu Almeida. Tinta, rolo e pincel. Botei tudo no carro. Senti uma motivação despropositada, quase infantil, dessas que minha ex-mulher usava como exemplo para me chamar de menino. "Menino, você comprou batata?" "Menino, lembra que hoje vence a escola do Bi e se atrasar tem multa". Programei o início dos trabalhos para depois do almoço.

A tarde corria tranqüila. Eu já havia terminado o muro da frente e a lateral da garagem. Parei para admirar o já feito e sondar uma ou outra falha. Começou a tocar "Bye, bye Brasil" do Chico no FM da sala, que eu havia ligado minutos antes. Fui lá correndo aumentar o volume. "Oi, coração, não dá pra falar muito não, espera passar o avião. Assim que o inverno passar, eu acho que vou te buscar".Lembrei da época da faculdade. Eu em Ribeirão e a Taís em São Paulo. Nós dois terminando o curso e querendo se ver ao mesmo tempo. Eu era freguês dos orelhões. Ligava a cobrar a mando dela, é claro. O combinado era eu guardar todo dinheiro possível para a passagem de ônibus no fim de semana, todos eles, já que a gente não conseguia ficar mais que isso sem se ver. Pagando a ligação, dizia ela, eu estava colaborando com o nosso afastamento. Quanto mais ligações pagas eu fizesse, menor seria a chance da gente se ver no fim de semana seguinte. Sua lógica venceu o meu orgulho e o coitado do meu sogro arcou com o ônus.

"Aqui tá fazendo calor. Deu pane no ventilador. Já tem fliperama em Macau... No Tocantins, o chefe dos Parintintins vidrou na minha calça Lee".Lembrei dos nossos acampamentos, nas férias. O Theo e a Ana costumavam ir com a gente. Taís costumava usar uma calça Lee desbotada e com a barra desfiada, no estilo anos 70. Eu adorava vê-la com aquela calça. Somada às curvas de seu corpo, o conjunto criava um daqueles milagres da amplificação, aos quais eu sempre me rendia.

"Aquela aquarela mudou. Na estrada peguei uma côr...Tô a fim de encarar um siri, com a benção de Nosso Senhor." Desde jovens, ela e eu nunca fomos muito afeitos a religiões. Nossa divindade particular era o próprio sentimento que tínhamos um pelo outro. O que fizéssemos em seu nome, sem lesar terceiros, era válido. Não precisávamos de bênçãos. Nosso futuro? Bem, tínhamos várias idéias, mas passar a vida conversando um com o outro, sobre todos os assuntos do mundo, era uma delas.

"O sol nunca mais vai se por", concluiu o Chico na sala. E eu, que venho perdendo tanto tempo com mesmices, levei a meu terapeuta três trigos, na semana seguinte: o recado do meu filho no telefone e um cd do Chico.

"Eu disse três, não dois, mas três", disse o Doutor, bem no início da sessão, num tom de brincadeira. Disse-lhe que havia ligado para minha ex-mulher, o terceiro trigo. E que havia lhe dito sobre o como seria bom se, pondo em prática nosso antigo plano, nós passássemos o resto de nossas vidas conversando sobre todos os assuntos do mundo.

"E ela?" - perguntou meu médico. Disse-lhe que ela havia chorado e que, entre um suspiro e outro, falou: "Como é bom ouvir isso. Não dá mais tempo. É muito tarde. Mas é muito bom ouvir isso".

"E você ???" –prosseguiu o doutor. Eu? Bem... Disse-lhe que iria me abrir mais, aproveitar melhor meus momentos para não ter que recuperá-los, quando já for muito tarde. Teria mais paciência com o fascismo do meu pai. Passaria a ver as mediocridades e hipocrisias como inevitáveis a quem quer prosseguir, procurando algo melhor.

Fui liberado por ele após oito sessões, nas quais tive, com sutileza profissional, toda essa minha sinceridade testada. Na última, assim que sai na rua, senti de novo aquela sensação de leveza e flutuação, mas São Paulo já não tinha mais nada a ver com isso, era apenas uma parte disso. No todo, minha alma de novo fabril, reaprendeu a fabricar momentos e eu os carrego aonde quer que eu vá. Não, talvez seja o contrário. Talvez eles é que me carreguem para onde estão. Mas, ora, deixa pra lá. Isso não iria fazer a menor diferença. Iria?

Dassault Breguet
Enviado por Dassault Breguet em 25/09/2010
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