DIÁRIO DE UM GINÁSIO(Um conto sobre bullying)
Aquele tinha tudo pra ser um ano letivo igual aos outros, não fossem os acontecimentos que se sucederiam.
Eu me chamo Luciano, mas todos os que me conhecem me chamam de Luka, tenho 13 anos e estudo numa renomada escola aqui de Salvador, onde também estudam meus dois amigos, o “Mateus e o Gabriel”. Sou aluno da 6ª serie, junto com o Gabriel, enquanto Mateus ainda cursa a 5ª serie.
Aos fins de semana, fico ansioso pra Chegar a segunda-feira, não que eu seja um aluno aplicado, mas sinto falta da zuação que fazemos na escola.
Eu e meus amigos somos populares entre os alunos e nos divertíamos torturando os alunos mais retraídos e complexados da escola. Não perdoávamos ninguém, mas tinha um que era o nosso principal alvo, se chamava Leandro, mas na escola o chamávamos de “Mamute”, pois ele era gordo, tinha orelhas grandes e um andar bastante desengonçado.
Freqüentemente meus pais eram convidados a comparecerem na escola e eu era advertido. A coordenadora pedagógica dizia tratar-se de bullying e que este era um comportamento reprovável, mas era muito divertido ver a cara do Mamute depois que ele passava despercebido e nós colocávamos o pé na sua frente e ele fatalmente se esparrama no chão. Todos riam bastante, mesmo os colegas que criticavam meu comportamento e isso talvez saciasse o meu ego.
O que tornaria aquele diferente dos demais, eu ainda não sabia, mas estávamos todos ali reunidos no pátio e avistei o Mamute, ele estava merendando, eu chamei o Mateus e o Gabriel, combinamos tomar o lanche dele, nos aproximamos e sentamos ao seu lado e eu lhe falei:
— Deixe o lanche aí e saia, você está muito gordo pra comer tanto!
Ele levantou-se tão bruscamente que derramou sobre nós o seu refrigerante e todos que estavam ao redor riram muito e eu fiquei ali, espumando de raiva.
Eu estava decidido, tinha que me vingar. O insolente não podia ficar sem punição, por isso me reuni com os meninos e aguardamos o encerramento das aulas, o esperamos no térreo por onde ele teria que passar. Assim que o avistamos, fomos ao seu encontro e ele como um coelho assustado percebeu a nossa intenção, deu alguns passos para trás e correu em direção ao andar superior.
Iniciamos a perseguição e parecíamos nos divertir com aquela caçada.
O Mamute entrou na biblioteca e se escondeu e então pedi ao Mateus que apagasse as luzes no disjuntor que ficava no 1º andar, pensei em acuarmos o Mamute sem sermos flagrados.
O Mateus fez o que pedi e o Gabriel ficou me aguardando enquanto também vigiava. Eu o líder entrei naquela sala escura e pra minha surpresa o Mamute já me esperava, lançou-se implacável contra mim, que ao cair derrubei uma estante que acabou por prender a minha perna.
O que não contávamos é que a brincadeira de apagar as luzes tivesse provocado um curto-circuito, e este, iniciado um incêndio. O Gabriel ainda tentou me avisar, mas eu, infelizmente não consegui escutá-lo.
A direção já tinha reunido todos os alunos no pátio, num lugar seguro, para evitar o pânico e após terminarem a chamada dos alunos para se certificar de todos os presentes, foram advertidos pelos gritos do Mateus:
— Ainda faltam o Luka, o Gabriel e o Mamute!
Disse ele bastante assustado.
E bem antes que alguém se arriscasse subir, já se avistou o Gabriel que descendo pela rampa, já foi berrando:
— Os meninos estão presos na biblioteca!
Apressadamente, contou então toda história, porém o fogo estava alto e não podiam arriscar que alguém subisse, senão os bombeiros.
E enquanto a diretora já falava com alguém do corpo de bombeiros ao telefone, uma cena diferente chamou a atenção de todos. Era o Mamute que descia a rampa comigo ao colo. Eu havia inalado muita fumaça e estava com a perna machucada, ele também tinha inalado, mas era forte como um touro e ainda conseguiu me tirar de lá. Foi uma tremenda festa.
Os bombeiros chegaram logo e apagaram o fogo, eu estava desmaiado e fui levado junto com o Mamute para o hospital, onde fui devidamente medicado.
Meus pais, é claro, me advertiram e ficaram de combinar com a escola um castigo adequado e eu já fui avisado que a minha mesada seria usada pra sanar os prejuízos que causei.
No dia seguinte os meninos e eu estávamos lá esperando ele. Aquilo não podia passar em branco, todos esperavam a minha reação.
Quando o avistamos, caminhei até ele, eu parei bem na sua frente, punhos serrados, os seus olhos brilhavam, eu estendi minha mão... Era a hora da verdade.
Mantive estendida e estendi também os dedos, sinalizando uma trégua. Ele entendeu perfeitamente, sorriu e apertou minha mão.
Eu não escondi o quanto estava grato e reconheci o quanto eu havia sido um idiota, então lhe perguntei timidamente se queria ser meu amigo.
O Leandro foi tão nobre que me deu um forte abraço... Ponha forte nisso e sorrindo me chamou de amigo.
Todos na escola comemoram aquele momento e ninguém mais que eu a partir de então passei a enxergar as pessoas de outra forma.
Aquele tinha tudo pra ser um ano letivo igual aos outros, não fossem os acontecimentos que se sucederiam.
Eu me chamo Luciano, mas todos os que me conhecem me chamam de Luka, tenho 13 anos e estudo numa renomada escola aqui de Salvador, onde também estudam meus dois amigos, o “Mateus e o Gabriel”. Sou aluno da 6ª serie, junto com o Gabriel, enquanto Mateus ainda cursa a 5ª serie.
Aos fins de semana, fico ansioso pra Chegar a segunda-feira, não que eu seja um aluno aplicado, mas sinto falta da zuação que fazemos na escola.
Eu e meus amigos somos populares entre os alunos e nos divertíamos torturando os alunos mais retraídos e complexados da escola. Não perdoávamos ninguém, mas tinha um que era o nosso principal alvo, se chamava Leandro, mas na escola o chamávamos de “Mamute”, pois ele era gordo, tinha orelhas grandes e um andar bastante desengonçado.
Freqüentemente meus pais eram convidados a comparecerem na escola e eu era advertido. A coordenadora pedagógica dizia tratar-se de bullying e que este era um comportamento reprovável, mas era muito divertido ver a cara do Mamute depois que ele passava despercebido e nós colocávamos o pé na sua frente e ele fatalmente se esparrama no chão. Todos riam bastante, mesmo os colegas que criticavam meu comportamento e isso talvez saciasse o meu ego.
O que tornaria aquele diferente dos demais, eu ainda não sabia, mas estávamos todos ali reunidos no pátio e avistei o Mamute, ele estava merendando, eu chamei o Mateus e o Gabriel, combinamos tomar o lanche dele, nos aproximamos e sentamos ao seu lado e eu lhe falei:
— Deixe o lanche aí e saia, você está muito gordo pra comer tanto!
Ele levantou-se tão bruscamente que derramou sobre nós o seu refrigerante e todos que estavam ao redor riram muito e eu fiquei ali, espumando de raiva.
Eu estava decidido, tinha que me vingar. O insolente não podia ficar sem punição, por isso me reuni com os meninos e aguardamos o encerramento das aulas, o esperamos no térreo por onde ele teria que passar. Assim que o avistamos, fomos ao seu encontro e ele como um coelho assustado percebeu a nossa intenção, deu alguns passos para trás e correu em direção ao andar superior.
Iniciamos a perseguição e parecíamos nos divertir com aquela caçada.
O Mamute entrou na biblioteca e se escondeu e então pedi ao Mateus que apagasse as luzes no disjuntor que ficava no 1º andar, pensei em acuarmos o Mamute sem sermos flagrados.
O Mateus fez o que pedi e o Gabriel ficou me aguardando enquanto também vigiava. Eu o líder entrei naquela sala escura e pra minha surpresa o Mamute já me esperava, lançou-se implacável contra mim, que ao cair derrubei uma estante que acabou por prender a minha perna.
O que não contávamos é que a brincadeira de apagar as luzes tivesse provocado um curto-circuito, e este, iniciado um incêndio. O Gabriel ainda tentou me avisar, mas eu, infelizmente não consegui escutá-lo.
A direção já tinha reunido todos os alunos no pátio, num lugar seguro, para evitar o pânico e após terminarem a chamada dos alunos para se certificar de todos os presentes, foram advertidos pelos gritos do Mateus:
— Ainda faltam o Luka, o Gabriel e o Mamute!
Disse ele bastante assustado.
E bem antes que alguém se arriscasse subir, já se avistou o Gabriel que descendo pela rampa, já foi berrando:
— Os meninos estão presos na biblioteca!
Apressadamente, contou então toda história, porém o fogo estava alto e não podiam arriscar que alguém subisse, senão os bombeiros.
E enquanto a diretora já falava com alguém do corpo de bombeiros ao telefone, uma cena diferente chamou a atenção de todos. Era o Mamute que descia a rampa comigo ao colo. Eu havia inalado muita fumaça e estava com a perna machucada, ele também tinha inalado, mas era forte como um touro e ainda conseguiu me tirar de lá. Foi uma tremenda festa.
Os bombeiros chegaram logo e apagaram o fogo, eu estava desmaiado e fui levado junto com o Mamute para o hospital, onde fui devidamente medicado.
Meus pais, é claro, me advertiram e ficaram de combinar com a escola um castigo adequado e eu já fui avisado que a minha mesada seria usada pra sanar os prejuízos que causei.
No dia seguinte os meninos e eu estávamos lá esperando ele. Aquilo não podia passar em branco, todos esperavam a minha reação.
Quando o avistamos, caminhei até ele, eu parei bem na sua frente, punhos serrados, os seus olhos brilhavam, eu estendi minha mão... Era a hora da verdade.
Mantive estendida e estendi também os dedos, sinalizando uma trégua. Ele entendeu perfeitamente, sorriu e apertou minha mão.
Eu não escondi o quanto estava grato e reconheci o quanto eu havia sido um idiota, então lhe perguntei timidamente se queria ser meu amigo.
O Leandro foi tão nobre que me deu um forte abraço... Ponha forte nisso e sorrindo me chamou de amigo.
Todos na escola comemoram aquele momento e ninguém mais que eu a partir de então passei a enxergar as pessoas de outra forma.