Assim se escreve um conto.

Li em um site o seguinte:

Os escritores neófitos ou inexperientes usam e abusam da narração, por ser um recurso fácil, que prescinde das exigências próprias do diálogo.

É um recurso que tende a zero no conto. A descrição deve ocupar um lugar insignificante na estrutura do conto. Está fora de cogitação o desenho acabado das figuras e os contrário, o conto não se preocupa em erguer um retrato completo das personagens, mas centram-se nos conflitos entre as personagens. A descrição da natureza, ou do ambiente, ocupa um espaço ainda mais modesto, pois o drama é expresso pelo diálogo, dispensa o cenário. O drama mora nas pessoas, não nas coisas e nem na roupagem. A descrição completa-se com 2 ou 3 notas singelas, apenas para situar o conflito no espaço.

Confesso que até então, ao escrever os meus contos, não atentava para esta particularidade. Portanto, resolvi escrever contos de diálogos. E aqui lhes apresento o primeiro.

No escritório de uma importante indústria:

- Lucia! O homem chamou-a novamente. Será que vão transar de novo?

- Acho que não Val, eles certamente já transaram hoje. Ela ficou fechada com ele por mais de uma hora. E, ao sair, continuou o serviço normalmente, não trouxe nenhuma carta para datilografar.

- Às vezes eu fico pensando, o que será que ela tem que nos não temos?

- Falta de vergonha, onde se viu transar com o gerente em pleno expediente.

- E o corno do marido, aquele nanico de meia tigela, não da conta do recado, por isso ela tem que transar com o chefe.

- Vou falar com o Harthur, ele vai gostar de saber que hoje eles estão demais.

- Alo! Sim, sim já estou indo. O homem me chamou! O que será que ele quer?

- Entre dona Valquíria, fecha a porta, por favor.

- Sim, seu Brélio, em que posso ser útil?

- Quero que a senhora organize o meu arquivo, por falta de tempo, retirei várias pastas e as coloquei fora de lugar.

Uma hora depois:

- Obrigado, dona Valquíria, pode ir agora e continue o seu serviço.

- E daí Val, me conta o que queria o chefe contigo?

- Menina, ele me mandou arrumar o arquivo dele, estava uma bagunça, e continuou trabalhando, trabalhando, e quando terminei, disse que eu poderia ir embora e continuar com o meu serviço.

- Ora Val, vai contar essa pra outro, você caiu na lábia dele e arriou a calcinha.

Moral da história: Não levante falsos conceitos, você poderá ser vítima deles.

Que achou? Expresse a sua opinião a respeito. Eu fico muito grato.

Cardozo