O ÍNDIO
Essa noite deparei-me com um índio. Bonito, sábio, de cabelos compridos, pretos e brilhantes, presos em forma de rabo de cavalo.
Ele andava de um lado a outro da sala. Com aquele olhar de quem muito aprendeu com a vida. As mãos firmes segurando o arco e a flecha, o passo seguro de quem sabe onde pisa.
Fiquei encantada observando seu jeito, seus gestos, suas mãos, enquanto ele se preparava para ir caçar. Percebendo minha curiosidade ele lançou-me um olhar profundo e terno.
Pareceu dizer-me, ou melhor, mostrar-me uma grande verdade, cravada no fundo de seus olhos. Não entendi de imediato. Mas, havia algo de extraordinário ali. Era preciso entender, era preciso aceitar.
Eu quase não pude acreditar no que via! Esforcei-me para manter abertos os meus olhos. Senti-me meio tonta e um bocado confusa. Esfreguei meus olhos com as mãos para certificar-me de que era real.
E então vi claramente: esse índio já vivido, seguro de si, era meu pai!
E esse foi um lindo sonho que gostei de sonhar.