O Importante é o que Interessa

Com pretensões didáticas e fins escapistas, digito nessas linhas considerações acerca do comportamento humano. Já é sabido, entre os antropólogos e farmacêuticos, que cérebros são como máquinas de produzir significados. Animal algum, sem a capacidade de simbolização, adquire linguagem, inventam deuses e tomam placebos.

Explico; ou melhor, Jean Piaget explica: "Os fenômenos humanos são biológicos em suas raízes, sociais em seus fins e mentais em seus meios". Primeiro olhamos uma pessoa e/ou sua bunda (serve para homens e mulheres). Isso vai provocar sentimentos e emoções. Na sequência, elaboramos pensamentos que determinarão alguma atitude sacana ou mais moderada.

Isso obviamente deve explicar o resto da história humana e porque aborreci minha namorada. Inventamos deuses porque é a explicação mais primitiva (porém não menos útil) de como funciona o mundo: só existe uma pessoa pois ela teve um pai e uma mãe que a geraram; logo, só existimos porque fomos gerados por um deus ou uma porção deles. Capiche?

Entretanto, o mundo é nonsense na sua essência. Não possui significado inerente algum. É porque temos um cérebro e cultura, que as coisas começam a fazer algum sentido. Caracteres alinhados assim 8====D ou assado \|/ ou ass... (_|_) produzem certos pensamentos em nós, que em índio Yanomami não produziria (sim, não deixem que te enganem, isso é cultura).

Este é o ponto. A importância das coisas está no valor/significado que atribuímos a elas. Pra que serve o dinheiro se ninguém acreditar que ele tem valor? Que importância tem ficar bêbado no aniversário de sua namorada e beijar a sua melhor amiga na frente de todos os convidados reunidos?

Hum, ok. Acho que relativizar isso não resolve o problema. Nem tampouco escrever um conto e citar Piaget vão mudar alguma coisa. Ingerir placebo? Se acreditar no remédio, acho que posso até ficar mais tranquilo. Rezar para algum deus ou santinho? Quem sabe, não custa nada tentar. Pedir desculpas? Quem sabe, com um pouco de jeito, com um pouco de sorte e se encontrar algumas boas palavras...

Ítalo Maia
Enviado por Ítalo Maia em 07/09/2010
Reeditado em 19/09/2010
Código do texto: T2483807