De todos
Foi numa tarde de setembro, de um ano qualquer. O local? um cemitério no subúrbio do Rio de Janeiro. Um vento saudoso envolvia o triste ambiente do enterro de Augusta, que também respondia como "De Todos". Poucas pessoas ali estavam, somente alguns clientes e colegas da Boate Lua, local onde "batalhava".
Não se sabia muito sobre Augusta só que era de algum lugar das Minas Gerais; idade, ninguém sabia; Parentela? não se tinha informação, já que além do largo sorriso, só se tinha poucas conversas em breves palavras; estava "na vida" há muitos anos "Por não acreditar no amor" e de um "Noivo" chamado Luiz, geralmente lembrado com expressão triste.
Até que num determinado dia, voltou da rua nervosa. Não disse o motivo, mas mudou o comportamento, parecia nervosa. Comentou que "tinha visto alguém que não queria ver". Quando a noite chegou, trouxe a musica, os cigarros, as bebidas e os "amigos". A quem diga que o largo sorriso daquela noite disfarçava uma lágrima teimosa que insistia em borrar a maquiagem. Quando atendeu ao último cliente, Jorge, e chorando desabafou que "não acreditava mais no amor" e "Que não seria enganada de novo". Jorge, não entendeu.
Na manhã seguinte, foi encontrada fria e sem vida por Janu, um empregado da casa.
O caixão desceu a cova rasa. Ninguém ousou rezar. Alguns choraram. Outros viraram o rosto. O coveiro passou a cobrir a caixa de madeira com o barro. Neste momento, um homem aparentando uns 40 anos se aproximou. Ninguém o conhecia. Era calvo, tinha o rosto moreno. Estatura mediana. Bem vestido. Rosto fino com os olhar coberto por um par de óculos escuros. Esperou até a ultima pa de barro, quando uma cruz de cimento foi fincada na cabeceira. Neste momento o estranho tirou uma rosa vermelha do paletó, beijou-a com carinho e depositou no tumulo. Passou a mão no rosto como se limpando uma lágrima, virou-se e foi embora.
Nunca se soube quem era o visitante, assim como ninguém nunca soube quem realmente foi Augusta, além de ser "De todos".