Amores iludidos ou sapatos?

Não sei o que me atrai mais: amores iludidos ou sapatos. Durmo com os dois. Faço um grande esforço diário para não me apaixonar e mantenho minha sanidade. Constantemente esqueço que devo pagar os cartões no fim do mês. Caio no vermelho. Vermelho... Amo sapatos vermelhos, bem Dorothy. Ainda acho que em pleno caos de sentimentos, que um dia me pegarei em plena estrada dos tijolos amarelos, implorando pelo meu coração.

Ando tão perdida, coleciono pares que nunca usei, amores irreais, copos cheios e fotografias em minha geladeira – quem vai me dar o mapa do fim deste labirinto? Acredito que sobrevivo em pleno hospício, onde falsos escritores me ludibriam, jogando suas doces palavras ao vento. O longo silêncio finalizou com frieza, isso eu não esperava, respiro amuada. Mas o que fazer quando as noites de lua adoram álcool. E meu corpo inunda dos seus efeitos até ouvir o próprio vento gritar as palavras obscenas que eu falava para você. Então, me explica: como o corpo deve reagir? Procurar outro corpo carente, ou esperar a vontade passar... Não sei o que tanto me assusta: a ilusão que sobrou ou a necessidade que se faz.