Segredos de um passarinho...
Não tive bonecas em minha infância,
mas tive segredos.
Tive um pássaro preso em uma gaiola
que cantava poesias para mim,
mas só de dia.
Sempre que me via, abria as asas e cantava,
recitando-me algum poema,
despertando em meu coraçãozinho,
sombras de lembranças adormecidas,
traços da boneca tão sonhada e almejada,
do brinquedo jamais esquecido.
Adorava todos os seus versinhos
e sempre que o ouvia,
sentia que mãos invisíveis
me levavam dali para um lugar distante.
Quando finalmente chegava a noite
e a escuridão do céu se decorava com estrelas,
meu pássaro se calava,
emudecia,
nem me olhava...
E poema algum se ouvia.