Condenada à liberdade

Estou condenada a liberdade, este tema conjurou meus últimos dias antes de meus 32 anos. E por causa disso, tenho ficado em casa, conjurando em pensamentos os acontecimentos dos meus últimos anos. Estou vivendo há tanto tempo uma libertada sartriana – que hoje em dia carrego em minhas lembranças mais fardos do que dádivas.

Virei um lema quase existencialista, uma realidade inventada dentro de um mundo de ilusão. Vivi anos na terra onde “tudo pode”, onde o louco me levava, onde os limites inexistem, que hoje me vejo perdida em plenos ideais adolescentes e milhares de casos inexplicáveis das quais eu preferia esquecer.

Não adianta fugir, ou omitir, sou a filha rebelde do vento, dilacerei minhas raízes em milhões de pedaços, busquei fragmentos de sentimentos em vários lados, corrompi minhas necessidades a ponto de perder até a minha alma. E em razão disso, receberia críticas até de Sartre, por ter usado tão mal a minha liberdade.

Hoje, quero apenas o discernimento do limite, a ponderação das palavras, o amadurecimento do corpo, a necessidade do pouco. Quero a liberdade do não, a negação do abismo, o conto com final feliz. Hoje o positivismo será despudor e apenas ele será meu libido.

Cansei do corpo vazio, das trocas efêmeras, de tanto tempo desperdiçado em uma busca infantil e inventada. Hoje com meus 32 anos finalmente estou condenada a minha liberdade