Situações Inusitadas
Completamente exaurido, sentei-me no banco do parque, descalcei os sapatos e as meias e sem pestanejar, coloquei levemente a sola dos pés sobre o chão de terra. A sensação que me foi proporcionada foi de puro êxtase. Num ato impensado, com os olhos cerrados, soltei um estrondoso gemido, foi quando percebi que no banco a minha frente havia uma mulher sentada. Para minha surpresa ela também havia aderido a esse ritual, mas não pude precisar se foi antes de mim.
Ela estava bem à vontade diante daquela situação e parecia ter se divertido com o meu constrangimento. Dei um sorriso daqueles bem sem graça e ela me respondeu com outro. O sorriso que fez com que o êxtase a pouco experimentado fosse substituído por uma descarga elétrica que fez com que meu coração pulasse alguns compassos e que meu rosto quase entrasse em combustão. Completamente atônito, disfarcei olhando para as copas das árvores acima dela e foi quando percebi uma ave, que pelo menos para mim era bem exótica, já em posição de evacuar. Em plenos pulmões gritei : CUIIIiiidado. Tarde demais, literalmente, a merda estava feita.
O constrangimento mudava de lado.
Levantei prontamente e fui à sua direção com um jornal que tinha acabado de comprar e que fazia parte dos meus planos lê-lo ali mesmo no banco e ofereci a ela, que parecia estar desguarnecida de qualquer objeto que pudesse ajudá-la.
Quando ela me olhou agradecida, não pude conter o riso que estava contido atrás dos dentes travados, após constatar a lambança que ela estava fazendo ao espalhar todo aquele conteúdo fétido por entre seus lindos cachos.
Para sua sorte, avistei há uns vinte metros, uma placa indicando um banheiro. Após minha recomendação ela saiu em disparada como se fosse uma atleta na largada.
Neste meio tempo, me recompus e fiquei no seu aguardo.
Vinte minutos depois, sai ela com seus lindos cachos agora molhados e com aspecto de estarem bem cheirosos.
Ao notar que ela voltou a ficar mais à vontade, me apresentei e ela me disse que seu nome era Joana. Nesse instante meu celular tocou e fui informado que havia uma pessoa a minha espera no escritório que ficava a quatro quarteirões dali.
Com muito pesar, me despedi daquele anjo que em poucos minutos havia me proporcionado descontrações e emoções efusivas. Ela me disse nunca ter conhecido alguém em uma situação tão inusitada e embaraçosa como aquela. Foi quando me ocorreu a idéia de lhe dar o número do meu telefone.Ao levar a mão ao bolso de trás para pegar um cartão eis que sinto uma substância pastosa. Só pela minha cara ela notou
que havia algo errado.
Nem precisei dizer o que era, pois ela adivinhou em cheio. Aliás cheio estava aquele maldito banco.
E lá estava eu rompendo os vinte metros rasos.