SER FRANCISCANO
SER FRANCISCANO
Conheço pouco sobre a vida e os feitos de Francisco de Assis, talvez me iguale à maioria que reconhece na oração chamada oração de São Francisco uma obra de sublime espiritualidade e reconhecer que foi ele um homem integrado aos reinos da natureza e aos elementos, pela forma como se comunicava.
No mais o que sei?
Que ele foi um monge, um sacerdote, que fundou uma ordem religiosa e disseminou os ensinamentos de Jesus com suas ações e comportamento?
Que exigiu que sua ordem fosse reconhecida pela igreja Católica Apostólica Romana e que para tanto peregrinou em Roma até que fosse recebido pelo papa Inocêncio III?
Que ele foi um apóstolo; Aliás como é relatado o apóstolo mais querido do mestre; Que foi João o evangelista e que naquela época já conversava com os animais e com a natureza em todas as suas manifestações?
Que ele foi Pitágoras, uma das maiores inteligências que esse planeta teve o prazer de receber em seu seio?
Que ele foi o faraó Tutmosis III, e reinou no período do Novo Reino por volta de 4.160 AC?
Do pouco que sei, já fico admirada em saber que enquanto eu olho meu próprio umbigo no ano da graça de nosso senhor Jesus o Cristo em 2008, ele é um mestre Ascenso, conhecido por Kuthumi e que regeu o 2º raio dourado, o raio da sabedoria e da inteligência, e que se preocupa com os neófitos da era de aquário, a ponto de lhes tomar as mãos e lhes falar aos ouvidos.
Devo de agora em diante buscar saber o que é SER FRANCISCANO, e convido a quem quiser ou tiver vontade de também saber, me acompanhar e fazer comigo um grupo de amigos, que buscam a oportunidade de fazer parte do eremitério que hora se funda, nesse espaço das ondas ligeiras.
Procurei informações a respeito da ordem franciscana e encontrei os votos que são feitos pelos irmãos que abraçam essa profissão de fé.
Entregam-se totalmente a Deus, sumamente amado, pela profissão da obediência, da pobreza e da castidade.
Aparentemente e num rápido pensamento, vi uma pessoa sendo obediente, pobre e casta, e uma visão simplória formei em meu cérebro, nada que fosse tão sublime e sacrificioso.
Guardei essa idéia comigo, mas não estava plenamente contente, não poderia ser algo tão vago e tão singelo, pois quase todos nós os humanos vivemos de alguma forma estas situações ou pelo menos uma delas em intensidade.
Por que então, Francisco haveria de fundar uma ordem que não fosse grandiosa espiritualmente, mesmo propagando e exemplificando os ensinamentos de Jesus, estava parecido com outras ordens, estabelecidas nos milênios afora.
Fui em busca de amplitude e pedi a Kuthumi que me ajudasse a ver o que não está a mostra, o que Francisco realmente plantou nos corações dos seus seguidores e qual a semente que eu também devo receber em meu peito.
Na mesma hora, um véu caiu dos meus olhos e pude ver um frei franciscano em ação.
Um homem jovem e bonito, culto e de família bem sucedida, embrenhado numa cultura estrangeira onde a miséria moral e material é o bem maior daquele povo.
O frei conta sobre a vida de franciscano, fala com tanto entusiasmo e diz que a vida de missionário não é vida fácil, mas é vida boa.
Enquanto suas palavras transbordam como se saíssem de um cálice sagrado, seus olhos ganham o espaço e vê-se que não estão aqui, devem caminhar por entre as nuvens e pousar em alguma imagem divinal.
Então sua voz se torna doce e mansa, seus olhos se alteram na cor, indescritível cor, e suas mãos de veludosa palma, tomam a flor mais próxima, não lhe arranca do galho, apenas afaga suas pétalas com amor incondicional, e a flor numa resposta imediata, verte de seu nectário uma gota perfumosa.
Solta a flor e toma a borboleta pelas costas, ela se aninha caprichosa e esconde a beleza de suas grandes e desenhadas asas, solta nos dedos do frei um pó brilhante como se fosse uma mágica fada naquele presente instante.
Voa a borboleta soberba, e ele continua seu discurso em versos, quase um canto.
Aproxima-se um gato e se deita em seus pés, o cão barulhento em seu latino no portão, esquece a guarda e se põe em amistosa assistência junto ao felino esparramado no chão.
Vem de lá do pomar, uns passarinhos, pardais, bem te vis, pássaro preto e até um beija flor que nunca chega tão perto de ninguém, fazem uma sinfonia delicada e silenciam pelos galhos.
Dona benta traz nos braços o aquário cujos peixes pequeninos nadam em desespero quase que pedindo para ouvirem de perto tudo que será ensinado.
Uma platéia, seleta, incomum em sua raridade que se completa quando do meio do mato que fica longe muitos metros uma serpente, da espécie das corais, um lagarto, um calango e uma trilha de saúvas, se acomodam.
Francisco continua sua fala, sim agora é Francisco quem fala, e o espírito do frei ao lado suspira como suspiram todos os animais.
VOTO DE OBEDIÊNCIA
--Quando fazemos os votos de obediência, não estamos tratando de uma obediência servil, ou de fidelidade cega, estamos nos comprometendo com uma Lei Universal de sempre em todos os momentos de nossas vidas, tanto bons quanto difíceis, cumprirmos a lei, sem proveito próprio, mesmo que o seu cumprimento nos custe, nos fira, nos coloque em humilhação, mesmo que fiquemos maus vistos.
--Devemos obediência ao Criador, e cumprir a Lei de Deus é ser obediente.
--Alguns nos perguntam como saber qual é essa Lei, e respondemos uníssonos que é aquela que habita em nós, nossa consciência conhece, reconhece e alerta quando estamos nos desviando, ainda que seja inconscientemente, algo nos aperta no peito, ou nos dá um lampejo no cérebro, e então sentimos que vamos cometer um erro.
--Todos nós temos essa capacidade intrínseca, não é privilégios de nenhum dos filhos de Pai; Ele nos deu essa marca, esse signo como uma grande prova de nossa filiação, portanto demonstrarmos que somos filhos Dele, é nossa obrigação, não é um favor ou um beneficio, é nosso dever, corresponder, e ser obediente.
--Devemos compreender que o cumprimento da Lei de Deus, é o caminho mais simples, mais curto e mais seguro.
--Mesmo que o mundo mostre o contrário com toda a ilusão que nos apresenta, com todas as facilidades e preços baratos, nenhum outro caminho que não o da obediência, será mais rápido.
--Na obediência não existe teste, não existe troca, não existe senões, existe somente a obediência diária, regular e em todos os níveis; Não há como obedecer de manhã e pela tarde desobedecer, ou obedecer pelo dia e a noite mudar a rota, somente será entendia como uma conduta obediente àquela que não tem falhas, nem remendos; Não existem momentos mais ou menos obedientes, são todos igualmente avaliados e ao final de um dia, podemos com facilidade nos aprovar ou não, nossa capacidade em obedecer a vontade do Pai.
--Parece muito difícil e complicado esse voto, se não dermos a devida atenção, mas se pararmos um quarto de hora por dia e nos dermos a refletir sobre a obediência, ela se tornará compreensível e praticável e se nos permitirmos ainda mais atenção em tempo que nem imaginamo-la será parte de nós, sem esforço e sem sofrimentos.
--Então começaremos a sentir o que significa estar unido a Deus, senti-lo, vivê-lo e levá-lo aos que não o conhecem.
--Cada vez que falarmos sobre Ele aos nossos irmãos, eles se mostrarão ávidos e beberão nossas palavras e se sentirão amparados, por isso devemos praticar a obediência para podermos ensinar obediência e transformar nosso meio, em um lugar onde reine a paz e a harmonia que Deus deseja.
Sobre obediência se poderia escrever livros e livros e não se teria esgotado o assunto, pois esse conceito se amplia e modifica conforme nossa vivência. Dependendo da idade e dos relacionamentos que temos mudamos o entendimento.
Hoje me vejo como alguém que se permite questionar alguns fatos, para justamente entender como obedecer. Parece estranho, mas, é assim mesmo, para obedecer a um certo chamado, algumas regras básicas deverão ser tomadas.
Primeiro analisar e refletir sobre a importância de se fazer algo, participar de algo, iniciar ou terminar. Depois buscar entender a importância desse algo, movimento, reunião, estudo, pesquisa, ou seja lá o que for.
Só depois então, engajar-se ou em caso contrário desistir, por saber-se tratar de um evento inócuo e que fatalmente sairíamos dele no futuro, mas também existem os casos em que desistimos no início por estarmos nós inadequados à grandiosidade o referido evento, e portanto, obediência será transformada em responsabilidade.
Se não podemos contribuir, melhor será obedecer e retornar sobre os passos, para não errar e por em risco o resultado de algo maior que nossa individualidade.
VOTO DE CASTIDADE
Sempre que falamos castidade imediatamente lembramos de sexo entre os humanos, portando alguém fazer um voto de castidade é muito incomum ao meio em que vivemos na sociedade atual.
Estamos em um período de grande liberdade em todos os sentidos, tantos homens como mulheres possuem direitos iguais ou semelhantes. Evidentemente a primeira repercussão dessa conquista recaiu sobre a sexualidade, por isso muitos jovens, ainda em tenra idade corporal já praticam sexo, e na maioria deles praticam com diversos parceiros ao longo do seu amadurecimento.
Julgar certo ou errado, não é o objetivo dessa reflexão, e sim entender ou pelo menos procura expandir nossa conceituação a respeito de castidade.
Ser casto é muito mais que não praticar sexo, pois castidade relaciona-se a abstinência de prazeres sensuais. Se avaliarmos que sensualidade vem dos sentidos, dos cinco conhecidos e de todos outros quantos existam, muda muito o resultado do volto de castidade.
Quem se devota à castidade, deverá buscar um auto domínio sobre os exageros, os arroubos, como pregam os orientais, buscar o caminho do meio, aquele que é regular e preciso, sem altos e baixos, sem sobrar nem faltar.
Praticar a castidade a mesa, comendo e bebendo para a sobrevivência do corpo, tendo alegria pela dádiva da comida e sem o prazer que sentimos quando nos fartamos. Comer de menos eu penso que seria ser casto nesse tópico.
E por ai em diante, que os brilhos nos toquem os olhos, mas, não nos ceguem. Que os veludos nos sejam agradáveis de tocar, mas não se transformem em necessidade, que os bons odores nos comovam mas não nos façam dependentes.
Que possamos ouvir os sons e guardar aqueles que nos elevem, deixando na estrada todo o ruído que nos façam nervosos. Que as palavras malsãs não penetrem em nossa mente e não aumentemos um ponto em nenhum conto.
Ao pensar sobre a castidade em todas as nuances que ela abrange, torna-se o voto mais difícil, porque mexe com nosso corpo diretamente, e exige do espírito um estado sempre alerta, sempre sentinela, pois um segundo de descuido e o deslize se dá naturalmente, sem que se sinta de imediato.
E ainda arrisco que nós que não fizemos o voto de castidade, vivemos em queda livre o tempo todo.
Na vida física, quando sentimos necessidade da busca espiritual, nos colocamos em um plano diferenciado de ações. E começamos uma caminhada árdua pelo controle da matéria pelo nosso espírito.
Por anos ou até por vidas tentamos e não conseguimos. Em algum momento um apelo mais forte, mais intenso nos faz soçobrar e caímos ou melhor, não vamos tratar como queda, mas como um resvalar daquele caminho percorrido.
E porque é tão sofrido tentar crescer espiritualmente, porque a castidade é tão assustadora?
Será que mesmo já sabendo algumas verdades espirituais não somos capazes de vencer e dar lugar a que o espírito comande nossa vida?
Pois o dia que ultrapassarmos essa barreira os sofrimentos pelos quais passamos irão desaparecer, porque com a vontade do espírito sendo colocada em prática não corromperemos a leis e não adquirimos compromissos para serem expurgados no futuro.
E além do mais poderemos usar todo o potencial do espírito em todos os setores de nossa vida material, sendo conduzido por ele que se integra ao cosmo e, portanto da fonte geradora, perfeita e abundante.
Vamos pensar sobre a castidade dos nossos atos, pensamentos, e como devemos colocar em prática no mundo das formas e assim estaremos atraindo para nós as bem aventuranças.
(homenagem a Ramatiz)