E ELE DISSE A ELA.......

Peixoto entrou no bar denominado “ Cospe Grosso”, vinha quase que cambaleando e na tentativa de disfarçar seu estado de embriagues tentava encontrar o seu “ponto de verticalidade”. Tudo em vão, acabou por se debruçar no balcão daquele boteco decadente da zona periférica da cidade, ao mesmo tempo em que sua voz enrolada dizia:

- Taberneiro me vê uma cerveja......

Aquela voz chamou a atenção de um dos freqüentadores dali, mais precisamente de Vitor, conhecido colega de trabalho de Peixoto, que ao ver o amigo foi ao seu encontro e indagou:

- Amigo por onde voce andou? – Perguntou Vitor

- Pelo chão, pois eu ainda não aprendi a voar – retrucou Peixoto.

- Eu sei amigo, o que eu estou querendo saber é o que lhe traz até aqui? o que aconteceu pra você ficar nesse estado rapaz? Pelo que eu sei você não bebe – Concluiu Vitor.

- Separei da “Fôfa” – acabou tudo.

- Não acredito, um amor de novela de mexicana, terminar da noite pro dia – O que de fato ocorreu, me diga meu colega- Posso até não ter a solução que o caso requer mas tenho ouvidos para lhe ouvir e um ombro amigo para amparar as lagrimas de uma alma maltratada por uma separação.

- Meu amigo é o seguinte, nem tudo é o que aparenta, tem coisas na vida de um homem que só ele é capaz de resolver. O que aconteceu eu prefiro não comentar, o que posso lhe garantir é que não se trata de motivos chifrais. É como eu sempre digo: o que eu fiz, ta feito pois; Merda cagada não volta pro cú.

- É meu caro amigo o que eu posso fazer pelo amigo, ainda que meio puto, meio constrangido e porque não dizer forçadamente, é tomar uma com o amigo- garçon traz mais um copo- disse Vitor.

- É isso ai, sabe de uma coisa Vitor, até que essa bebida tá entrando bem.

Vitor e Peixoto continuaram bebendo ao som de Waldick Soriano, cantando “Eu não sou cachorro não “ e outras “pérolas” da cornagem brasileira, até que anoiteceu Vitor precisou ir embora e Peixoto lhe ofereceu carona até próximo de sua casa.

- Vá com cuidado Peixoto, não vá fazer nenhuma besteira- Disse Vitor, a medida que o carro de Peixoto se distanciava.

Peixoto resolver tomar o caminho do condomínio Vila Real, local onde até então fora o seu reduto, o seu “cantinho”, um pedaço do céu na terra, como ele mesmo dizia. Peixoto em seus pensamentos falava consigo mesmo: Isso não vai ficar assim, a “Fôfa” vai ter que me ouvir, vou dizer a ela tudo o que está entalado em minha garganta, vou falar o que eu estou desde cedo querendo dizer a ele ela vai escutar sim vai.

- Peixoto,Peixoto , acorda tá na hora de trabalhar- Era Dona Solange, “a Fôfa” ,esposa de Peixoto, que o acordara e dizia – Você tá bem Peixoto???

- Tou bem sim. É que eu tive um pesadelo horrível, sonhei que me separava de você, havia tomado um porre com o Vitor num boteco de quinta categoria, e que tava vindo aqui pra casa. Sabe Fôfa no sonho eu tava na porta de casa e falava comigo mesmo: Isso não vai ficar assim, a “Fôfa” vai ter que me ouvir, vou dizer a ela tudo o que está entalado em minha garganta, vou falar o que eu estou desde cedo querendo dizer a ele ela vai escutar sim vai – ai você me acordou.

- Sim Peixoto, e o que é que você ia me dizer, que está entalado na tua garganta, que você quer dizer desde cedo ??????????

- Peixoto olhou fixamente nos olhos de Solange- quase que fulminando sua alma como quem seca um pé de pimenteira, respirou fundo e falou: – Eu te amo “Fôfa”.

VITOR SERGIO
Enviado por VITOR SERGIO em 24/08/2010
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